04/10/2019 16:55:00 - Atualizado em 03/11/2019 15:30:00

Brasileira tem morte inexplicada na Suíça; irmã faz apelo por respostas e traslado

Sara Oliveira/RedeTV!

Neurilene da Silva era casada com o suíço Christophe Sulger

Neurilene (Foto: Arquivo Pessoal)

A brasileira Neurilene da Silva Moura, que completaria 42 anos na última quarta-feira (2), morreu na cidade de Bulle, na Suíça, em 15 de setembro deste ano. Sem informações sobre a causa da morte, a família só foi informada dois dias depois pelas autoridades e, até esta sexta-feira (4), ainda desconhece os motivos do falecimento e luta para trazer o corpo ao Brasil.

"Minha irmã adorava viver, era uma pessoa alegre", relembrou Neuliane Moura, irmã de Neurilene, em entrevista ao portal da RedeTV!, por telefone, nesta sexta-feira (4). "O laudo deu a causa mortis como inconclusiva. Nós contestamos porque é impossível. A gente começa a pensar em descaso e falta de responsabilidade", completou. 

*Atualização: nesta sexta (1º de novembro) Neuliane informou ao portal da RedeTV! que a família conseguiu o traslado de Neurilene e que a Justiça da Suíça está convicta de que ela foi morta pelo marido. Ela ressaltou que o traslado "só foi possível por conta de ações junto ao governo suíço" e disse sentir indignação por não ter sido ajudada pelo governo brasileiro e do estado do Ceará. O corpo de Neuliane chegou a Fortaleza na noite de sexta-feira (1º). LEIA MAIS AQUI

A jornada burocrática por informações sobre a morte de Neurilene inclui, ainda, outro elemento que aumenta a preocupação da família. Cearense, ela era casada com o suíço Christophe Sulger, 52 anos, desde dezembro de 2018, quando ocorreu a cerimônia no civil em Fortaleza.

Apesar do bom relacionamento com a família da brasileira, Christophe não avisou sobre a morte e foi detido pela polícia para prestar esclarecimentos. "Ele não fez nenhum contato com a gente desde então, daí começamos a achar estranho", disse a analista de requisitos, que é moradora de Fortaleza (CE).

Pelas vias formais, a irmã da brasileira não obteve mais informações sobre os motivos da detenção, mas percebeu, por meio da imprensa do país, que o caso de Neurilene é tratado como assassinato. 

"Eles falam que ela foi encontrada inconsciente em casa e que só ele estava com ela. Não sei se é sensacionalismo, mas isso assusta", declarou Neuliane. "O contexto é como se ele fosse o principal suspeito, então percebi que poderia ser algo mais complexo pois estamos vendo que está acontecendo uma investigação policial".

Bom relacionamento 

Neurilene e Christophe (Foto: Arquivo Pessoal)

De acordo com Neuliane, a irmã e o suíço passaram pouco mais de dois anos namorando a distância após se conhecerem durante o Carnaval de 2017, no litoral do Ceará, quando ele visitava o país.

Já casados no Brasil desde 28 de dezembro de 2018, Neurilene e Christophe deveriam oficializar a união também na Suíça para que ela pudesse fixar residência ao lado do marido no país dele.

Em julho deste ano, Neurilene viajou ao país com o objetivo de resolver essa questão. O casamento, no entanto, não chegou a acontecer por impedimentos burocráticos.

Apesa disso, Neuliane conta que sempre viu o relacionamento como saudável e positivo, com exceção de algumas "brigas por questão de ciúme". "Isso acontece com qualquer casal. Não ficava violento e, aos nossos olhos, era tranquilo, mas agora pensamos se tinha algo que não percebemos", refletiu ela.

Traslado e revolta

(Foto: Arquivo Pessoal)

Em meio a busca por respostas com as autoridades do país, Neuliane criou uma "vaquinha" na internet para juntar o valor necessário para o traslado do corpo - cerca de R$ 56 mil, que não é bancado pelo governo brasileiro. Até agora, as doações chegaram a pouco mais de R$ 15 mil. O prazo se esgota na próxima quinta-feira (10). Veja aqui como ajudar.

Indignada com a falta de respostas e o fato de, mesmo sem condições, ter de arcar com o custo do traslado do corpo da irmã, Neuliane diz ter cobrado todas as autoridades possíveis e pede que o governo tenha um olhar mais protetor com os mais de 1 milhão de brasileiros que vivem no exterior.

"É impossível que continue acontecendo isso. Morre um brasileiro lá fora e ninguém faz nada. E se fosse o inverso? Se um italiano morresse no Brasil? Qual proporção teria? Então começo a pensar que a gente é visto lá fora como nada", lamentou Neuliane. 

"A minha revolta maior é com meu próprio país não dar atenção para um caso que se torna até misterioso. Por que não se quer falar disso? Por que um laudo inconclusivo? Se o país [Suíça] não quer arcar com o ônus que teve um crime, um feminicídio, então que se explique", defendeu ela. "Você sai do Brasil para buscar sonhos e construir família, então o mínimo que a gente quer é saber o que aconteceu".

Em nota enviada ao portal da RedeTV!, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) informou que o caso está sendo acompanhado pelo Consulado do Brasil em Genebra, que "presta assistência consular cabível".

Questionado sobre o andamento do caso, o Itamaraty completou que "em atendimento ao direito à privacidade dos envolvidos, não pode fornecer informações adicionais sobre o assunto".

Neuliane questionou o apoio oferecido pela pasta e disse que gostaria que seu apelo - por respostas e pelo traslado - seja ouvido pelas autoridades.

"Eu não sei como, de que forma, eu queria muito que isso tocasse no coração deles e eles imaginassem que poderia acontecer com um ente querido deles", afirmou. "Eu acho que o nosso país deveria, sim, começar a ter essa política [de custear o traslado] para pessoas que saem daqui e vão buscar algo melhor algo lá fora, mas acabam falecendo. Infelizmente é a nossa realidade".

Neurilene (Foto: Arquivo Pessoal)

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