17/03/2018 21:24:00 - Atualizado em 17/03/2018 23:51:00

Caso Marielle: Correios dizem 'não ter conhecimento' sobre desvio de munição

Redação RedeTV

O quebra-cabeça sobre detalhes e pistas da morte da vereadora Marielle Franco ainda está longe de acabar.

Por meio de nota divulgada na tarde deste sábado, os Correios negaram haver registro de desvio de carga da Polícia Federal no “passado recente”. Foi uma resposta ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann.

Jungmann disse na sexta que um lote de munições da PF (o mesmo usado pelos assassinos da vereadora) foi desviado “anos atrás” e que isso teria acontecido numa unidade dos Correios na Paraíba. A empresa estatal informou que está fazendo uma apuração interna. Leia a nota dos Correios: 

Em resposta às recentes notícias sobre suposto desvio de carga pertencente à Polícia Federal ocorrido nos Correios, a empresa esclarece que, no passado recente, não há nenhum registro de qualquer incidente dessa natureza e que está apurando internamente as informações.

A empresa não aceita postagem de remessas contendo armas ou munição, exceto quando autorizado por legislação específica. Neste caso, o tráfego, via Correios, de produtos controlados pelo Exército, submete-se às disposições estabelecidas no Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados, conforme a Portaria nº 015/2009 – Colog/Ministério da Defesa.

Por serem os Correios uma empresa pública, situações envolvendo armas, munições, drogas e outros itens proibidos no tráfego postal são encaminhadas à Polícia Federal, para investigação. No caso do Rio de Janeiro, já foi instaurado inquérito pela PF, que é o órgão competente para prestar mais esclarecimentos sobre a matéria.

As munições encontradas no local onde Marielle foi executada, no centro do Rio, são do mesmo lote utilizado na chacina de Osasco, a maior da história de São Paulo, quando, em 2015, 23 pessoas morreram a tiros.

A Polícia paulista investiga se as munições do lote UZZ-18, da chacina, são as mesmas do caso de Marielle. As primeiras informações apontam que sim. 

O caso

Marielle foi morta após participar um evento que reunia jovens negras, na Lapa, no centro do Rio, na noite de 14 de março. Ela estava com a assessora e o motorista do carro, Anderson Pedro Gomes, que também faleceu, quando o veículo foi emparelhado foi outro e alvejado por ao menos 13 tiros. 

A vereadora foi atingida por quatro tiros na cabeça. Anderson, que era casado e tinha um filho pequeno, recebeu pelo menos três disparos nas costas. A assessora acabou atingida por estilhaços e não sofreu ferimentos mais graves. 

A perícia apontou que todos os disparos foram efetuados por arma de calibre 9 mm e que a munição utilizada fazia parte de lotes vendidos para a Polícia Federal. Nove cápsulas foram encontradas no local. 

A polícia trabalha com a suspeita de execução e acredita que o veículo foi perseguido por cerca de 4 km. As autoridades ainda apuram se um segundo carro teria participado dos assassinatos

Marielle, de 38 anos, era uma conhecida ativista do movimento negro, defensora de minorias sociais e crítica da violência policial no Rio, além de ter sido a quinta vereadora mais votada nas eleições de 2016. Desde 28 de fevereiro, ela atuava como relatora de uma comissão da Câmara dos Vereadores criada para fiscalizar a intervenção federal no Rio.

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