"Lava o corpo": Modelo é vítima de racismo em concurso de maquiagem

Em print de conversa, maquiador pede a colega de trabalho que não escolham a modelo, e diz que o lugar de negros é no "inferno"

Modelo Luciana Vilaça sofre racismo em concurso de maquiagem - (Foto: Reprodução/Twitter @aluvilaca)

Uma modelo negra chamada Luciana Vilaça, do Rio de Janeiro, diz que foi chamada de 'suja' e sofreu uma série de outros xingamentos racistas por um maquiador em um concurso de beleza. 

O desabafo da moça, de 19 anos, tomou as redes sociais nesta quinta-feira (10) quando publicou trechos de uma conversa fornecidas por outro maquiador, Leonardo de Oliveira Pacheco, responsável por maquiar a modelo.

Na conversa com Leonardo, o maquiador -que não teve a identidade revelada- pede que o colega de trabalho não use a modelo no concurso pois, de acordo com ele, "a maquiagem colorida não fica boa na tonalidade de pele dela".

"Sua maquiagem em pele negra é linda, mas será muito difícil você conquistar o mercado", diz uma das mensagens - (Foto: Reprodução)

Leonardo responde, irritado, que "negro não pode usar make colorida porque não sobrevive. Pelo amor de Deus, vai lavar uma louça". O maquiador racista rebate: "lave o corpo de suas modelos sujas, quem sabe elas não ficam mais claras." Não satisfeito, ele ainda sugere que o "inferno" é lugar de negros e comparou o responsável pela make de Luciana com um assaltante, por ser negro de cabelo loiro. 

"Lava o corpo de suas modelos sujas, quem sabe assim elas não ficam claras", escreveu o maquiador - (Foto: Reprodução)

Em posts nas redes sociais, a modelo denunciou o racismo de qual ela e seu maquiador foram vítimas e diz que a atitude a deixou triste, mas não surpresa. 

Ainda segundo a top model, a proposta da competição, que aconteceu na terça-feira (8), era reproduzir uma maquiagem publicada no Instagram de uma maquiadora e a votação aconteceu na rede social desta, que propôs a disputa. O prêmio era um kit profissional.

Em seu Twitter, ela conta que o maquiador que a ofendeu divulgou a competiçãopara seus seguidores pedindo que votassem nele, fazendo com que Leonardo não ganhasse a competição. "[O agressor] mandou os seguidores dele (mais de 200 mil) votarem no nosso concorrente para que a gente perdesse", relata.

O caso foi registrado na delegacia de Alcântara, em São Gonçalo. O maquiador foi aconselhado por uma advogada de que se tratava de um crime de racismo e não de injúria racial.

Apesar das ofensas, Luciana manteve a cabeça erguida e se pronunciou nas redes sociais contra a atitude racista e agradeceu o apoio recebido. "Tenho muito orgulho da minha cor, da minha origem. Já passei muita coisa ruim, mas não era culpa da minha cor."

O Portal RedeTV! tenta entrar em contato com a modelo e seu maquiador.

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