Como funcionam a Deep Web e a Dark Web e quais são os perigos
Redação/RedeTV!Deep web é só para crimes? Documento Verdade investigou e acessou
(Foto: Reprodução/RedeTV)
Embora não seja recente, a Deep Web está ganhando popularidade e repercutiu após as investigações do massacre na escola de Suzano mostrarem que os dois atiradores e o terceiro suspeito usavam a rede para planejar o ataque que deixou oito vítimas mortas.
Para começar a entender essa camada da internet, basta visualizar a imagem de um iceberg. A parte visível na superfície é a internet do Facebook, do Instagram, toda aquela que é indexada, ou seja: localizada pelo Google ou outro buscador tradicional.
O que está abaixo e é muito mais vasto inclui tudo aquilo que "o Google não vê", que é difícil de ser rastreado ou identificado. E para se ter uma ideia, a chamada internet de superfície tem cerca de 167 terabytes, enquanto a Deep Web acumula 91 mil terabytes.
Mas quem entra nessa camada da internet - e a acessa pelo Tor - não necessariamente tem intenção de cometer crimes. É abaixo da Deep Web que estão as páginas com objetivos ilícitos: na Dark Web, também conhecida como Darknet. Embora seja uma pequena parcela desse iceberg, ela contém sites voltados para práticas criminosas, como venda de drogas, serviços de assassinos de aluguel, vídeos reais de pessoas sendo torturadas até a morte, discursos de ódio, pornografia infantil e até tráfico humano.
Acessando a Deep Web e a Dark Web
Em um passeio pela Deep Web, a equipe do Documento Verdade encontrou bibliotecas com livros raros e fóruns sobre assuntos diversos, mas também conteúdo feito para pessoas que têm intenções ilícitas.
É possível acessar páginas que vendem drogas, remédios ilegais e até cartão de crédito clonado, além de visualizar cenas de pedofilia e prostituição sem qualquer restrição. Mas, conforme cita a reportagem, apesar das atrocidades encontradas, o acesso não é ilegal e você só achará algo perturbador se pesquisar por isso.
O perigo de virais como Momo
Nas últimas semanas, o suposto desafio suicida da Momo no YouTube Kids gerou pânico entre pais e responsáveis por crianças, que estariam tendo acesso a um vídeo violento da personagem.
Apesar de não passar de uma escultura criada em 2016, a Momo repercutiu e criou um viral perigoso. A plataforma negou que o vídeo estivesse nos canais infantis, mas a fake news correu o Brasil pelo WhatsApp dois pais, que ajudaram a divulgar o suposto desafio.
"Os pais são turistas da internet, enquanto os filhos são nativos, então eles precisam estar atentos em pesquisar e entender como é esse mundo digital, e monitorar os programas e o tempo de uso", salienta a neuropsicológa Deborah Moss. "Eles precisam saber que, agora, estar dentro de casa não é mais segurança. Agora não, o mundo digital faz com que os perigos acontecem dentro do quarto dos filhos".
A recomendação para casos como esses é evitar que a corrente se espalhe, ou seja: não compartilhar. Além disso, o jeito correto de abordar lendas urbanas como essa é contar a verdade. Para o caso da Momo, explicar que trata-se de uma escultura usada por pessoas mal-intencionadas.
Slender Man e mais: a origem de lendas urbanas
Para mostrar como rumores virtuais podem ter impacto na vida real, o programa cita como a lenda urbana do Slender Man, que ganhou notoriedade devido à popularidade na internet, provocou um crime brutal nos Estados Unidos: duas jovens que esfaquearam uma colega de escola e relacionaram o assassinato ao personagem.
Já na Alemanha, um caso que comprovadamente saiu da deep web. Em 2001, um homem usou um fórum de canibalismo para marcar um encontro macabro que envolveria arrancar um órgão genital e comê-lo, a fim de experimentar carne humana. A pessoa que se ofereceu para ter o órgão arrancado acabou morta e devorada pelo canibal, que não foi condenado por canibalismo, mas por homicídio.
Outra lenda urbana que nasceu na internet foi a foto de uma mulher namorando uma caveira. A obra foi relacionada à deep web, mas, na verdade, não passava de uma cena de bastidores do polêmico (e pertubador) filme alemão "Nekromantik" (1987), que abordava necrofilia.
Também na fila de bizarrices, a saga "Centopeia Humana" teve inspiração em fotos bizarras de experiências científicas da deep web enquanto o jogo "Pale Luna", um terror nostálgico que teria levado um jogador a encontrar a cabeça degolada de Karen Paulsen, uma menina de 11 anos que estava desaparecida havia mais de um ano.