17/10/2018 11:07:00 - Atualizado em 17/10/2018 11:41:00

Temer recebeu R$ 5,9 milhões em propina do setor portuário, relata PF

Redação/RedeTV!


(Divulgação/Agência Brasil)

De acordo com a Polícia Federal, o presidente Michel Temer (MDB) recebeu de forma direta R$ 5,9 milhões em propina do setor portuário, além de ter captado R$ 17 milhões em doações para seu grupo político. Esses pagamentos teriam sido feitos entre 2000 e 2014. O relatório da PF indiciou o emedebista por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Do montante, R$ 2,4 milhões teriam sido pagos pela Rodrimar, do porto de Santos. A propina foi recebida pelo atual presidente da República, segundo a PF, entre 2000 e 2010. O pagamento teria sido enviado a uma empresa de fachada ligada ao coronel João Baptista Lima, amigo de longa data de Temer.

Cerca de R$ 2 milhões foram pagos para o emedebista em doações oficiais da JBS devido a questões que envolviam um terminal portuário em Santos, em 2014. Um pagamento de R$ 500 mil por meio de doações oficiais do grupo Libra e outros R$ 1 milhão em espécie do grupo J&F teriam sido pagos a Coronel Lima, de acordo com a PF. Todos os pagamentos, em 2014, tinham como destino final o então vice-presidente.

Além de Temer, mais dez pessoas foram indiciadas no caso da Polícia Federal. Maristela Temer, filha do presidente (lavagem de dinheiro); Rodrigo da Rocha Loures (corrupção passiva e organização criminosa), Antonio Celso Grecco, dono da Rodrimar (corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa), Ricardo Mesquita, ex-diretor da Rodrimar (corrupção ativa), Gonçalo Torrealba, dono do grupo Libra (corrupção ativa e lavagem de dinheiro), coronel Lima (corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa), Carlos Alberto Costa, sócio do coronel (corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa), Almir Martins Ferreira, contador do coronel que operava empresa de fachada (lavagem de dinheiro), Carlos Alberto Costa Filho (lavagem de dinheiro) e Maria Rita Fratezi, mulher do coronel Lima (lavagem de dinheiro).

Investigação durou 13 meses

A investigação feita pela PF persistiu por 13 meses até a entrega do relatório final. A apuração teve como base um decreto assinado por Temer, já como presidente em 2017, que prorrogou e estendeu os prazos de concessão de áreas públicas às empresas do âmbito portuário.

Na época, a Polícia Federal PF apontou que Temer recebeu propina para realizar a edição do decreto. Também afirmou que o presidente " atendeu aos interesses do setor" com o objetivo de continuar com sua influência, além do recebimento de propina.

“Neste sentido, mesmo com tantos dispositivos contestados quanto à sua legalidade e favoráveis às empresas beneficiadas, o novo Decreto dos Portos visou não apenas servir de contrapartida política e ato oficial do Excelentíssimo Senhor Presidente da República para horar compromissos com um setor do qual se beneficiou com recebimento de recursos indevidos durante quase 20 anos, sendo possível acreditar, levando-se em consideração o histórico de acusações que recaem sobre o Senhor Presidente, que o Decreto questionado poderia permitir um novo período de influência no setor portuário pelo investigado Michel Temer e seus aliados políticos”, descreve o delegado Cleyber Malta Lopes no relatório.

A PF ainda solicita, ao terminar o relatório, que seja aberto um novo inquérito, visando investigar outro pagamento de propina ao coronel Lima feito por José Antunes Sobrinho, empresário da Engevix. Ele teria pago ao presidente Michel Temer o valor de R$ 1,1 milhão em propina.

O relatório final sobre o Decreto dos Portos foi ecaminhado à Procuradoria-Geral da República, que decidirá se denunciará ou não o presidente.

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