23/05/2024 19:21:00

Desastre climático que atingiu o Rio Grande do Sul é inédito, explica Gilvan Sampaio

Redação RedeTV!

O coordenador-geral do INPE afirma que as secas no nordeste são os principais problemas climáticos do Brasil 

(foto: Divulgação/ RedeTV!)

O coordenador-geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Gilvan Sampaio, afirmou que os extremos climáticos devem se tornar mais frequentes e destacou que as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul são atípicas no Brasil. 

“Em termos de proporção, ele é inédito! Já tivemos outros desastres no Brasil. Algo semelhante ocorreu em 1983, mas foi em Santa Catarina, tanto é que para reconstruir aquelas cidades da região, no entorno de Blumenau, foi implementada a Oktoberfest, justamente para arrecadar recursos para reconstrução”, disse Gilvan em entrevista ao ‘É Notícia’ desta quinta-feira (23). 

Mesmo destacando a gravidade do desastre no RS, o especialista apontou que no Brasil as secas são os principais problemas climáticos. “Não devemos esquecer que os maiores desastres do Brasil estão relacionados a ausência de chuvas, notoriamente na região nordeste que o número de pessoas impactadas é maior do que ocorreu no sul”. 

O pesquisador alertou que as mudanças são efeitos do aquecimento global e desastres como o que aconteceu no estado gaúcho são indicativos. “Difícil de prever, mas a cada ano estamos mais vulneráveis”. 

A criação da Autoridade Nacional de Segurança Climática, proposta pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi classificada por Gilvan como necessária, “porém deve existir coordenação entre as instituições, sendo que o ponto principal é a governança”.

Para o coordenador do INPE, a autoridade climática deve ter o mesmo papel que a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (em inglês: National Oceanic and Atmospheric Administration - NOAA), nos Estados Unidos, com unidades e programas específicos para cada bioma brasileiro, criando alternativas políticas de acordo com cada impacto climático. “A autoridade climática precisa conseguir fazer essa governança, ter organização. Criar, por exemplo, um centro de tempestades no Sul. Um centro de secas no Nordeste. Precisa ter organização e criar setores.” 

Gilvan alerta que o Plano Diretor Municipal, que orienta a ocupação e desenvolvimento do território urbano das cidades, deveria ter como obrigatório o mapeamento de áreas suscetíveis a esses extremos e quais medidas para minimizar impactos. "A maioria das cidades brasileiras cresceram organicamente, sem nenhum tipo de planejamento e várias das populações dessas cidades ocupam áreas de risco”. 

Para o pesquisador, no caso da elevação no nível da Lagoa dos Patos, as vítimas locais da chuva devem se tornar refugiados climáticos, que são pessoas que migram devido às condições ambientais. “Fazer simplesmente canais não é possível, pelo tamanho da lagoa. O mais adequado é que a população que está ali seja realocada. (…) Essa população está mais vulnerável a novas tragédias. É preciso mudar a população para outra região”, citou. 

O especialista ainda citou as características climáticas dos refugiados do clima no Brasil. “São as pessoas que estão suscetíveis a enchentes, escorregamentos de encostas, secas. Certamente, a população com baixa renda é a que vai ter vai dificuldade para se recuperar!”

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