24/02/2019 06:31:00 - Atualizado em 24/02/2019 12:16:00

Itamaraty condena atos de violência na Venezuela

Redação RedeTV!

De acordo com a nota deste domingo (24), o acontecimento de sábado (23) "caracteriza, de forma definitiva, o caráter criminoso do regime Maduro". 


(Foto: reprodução)

O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, condenou neste domingo (24) os atos de violência ocorridos no último sábado (23), em fronteiras da Venezuela

De acordo com nota divulgada na madrugada deste domingo (24), os acontecimentos que deixaram vítimas fatais e feridos, "caracteriza, de forma definitiva, o caráter criminoso do regime Maduro". 

O Brasil pede que os outros países que ainda não reconheceram Juan Guaidó como presidente legítimo, "a somarem-se ao esforço de libertação da Venezuela, reconhecendo o governo legítimo de Guaidó e exigindo que cesse a violência das forças do regime contra sua própria população". 

A nota oficial é o posicionamento do governo brasileiro após os conflitos em fronteiras da Venezuela com Brasil e Colômbia, que enviaram itens de ajuda humanitária no chamado "Dia D", convocado pelo autoproclamado presidente Juan Guaidó, para receber doações de outros países. A atitude é repudiada por Nicolás Maduro, o presidente oficial do país, que não aceita as ofertas dos vizinhos. 

Confira a nota na íntegra do Itamaraty:

Atos de violência do regime de Maduro

O Governo do Brasil expressa sua condenação mais veemente aos atos de violência perpetrados pelo regime ilegítimo do ditador Nicolás Maduro, no dia 23 de fevereiro, nas fronteiras da Venezuela com o Brasil e com a Colômbia, que causaram várias vítimas fatais e dezenas de feridos. O uso da força contra o povo venezuelano, que anseia por receber a ajuda humanitária internacional, caracteriza, de forma definitiva, o caráter criminoso do regime Maduro. Trata-se de um brutal atentado aos direitos humanos, que nenhum princípio do direito internacional remotamente justifica e diante do qual nenhuma nação pode calar-se.

O Brasil apela à comunidade internacional, sobretudo aos países que ainda não reconheceram o Presidente encarregado Juan Guaidó, a somarem-se ao esforço de libertação da Venezuela, reconhecendo o governo legítimo de Guaidó e exigindo que cesse a violência das forças do regime contra sua própria população.

Reunião do Grupo de Lima

O vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, viajam neste domingo (24) para Bogotá onde participam da reunião do Grupo de Lima, que acontece segunda-feira (25), na capita colombiana. O encontro, que contará com a presença do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, vai discutir o acirramento da crise na Venezuela.

O Grupo de Lima reúne o Brasil e mais 14 países da região. Desses, 11 não reconhecem Nicolás Maduro como presidente legítimo da Venezuela, incluindo o Brasil.

"Dia D"

No "dia D" designado por Juan Guaidó para a entrada de ajuda humanitária na Venezuela, o presidente em exercício Nicolás Maduro rompeu no sábado (23) "todas as relações diplomáticas e políticas" com o governo da Colômbia e acusou o país de tramar com Donald Trump uma intervenção militar para derrubá-lo.

Falando durante mais de uma hora para uma multidão de chavistas em Caracas, Maduro tentou demonstrar força em um dia de tensão nas fronteiras e reiterou que não pretende abrir mão do poder.

"Nunca um presidente da Colômbia [Iván Duque] odiou tanto a Venezuela. Até agora eu tive paciência, porque amo o povo colombiano, que é um povo órfão", disse.

Ao anunciar o rompimento das relações, o mandatário venezuelano deu 24 horas para todos os diplomatas colombianos saírem do país. Duque, a quem Maduro chamou de "fascista", é um dos principais aliados de Guaidó, que cruzou a fronteira e tentou guiar um comboio de ajuda humanitária a partir de Cúcuta.

Em seu discurso, Maduro ironizou o fato de seu adversário não ter convocado novas eleições, já que terminava no sábado (23) o prazo de 30 dias estipulado pela Constituição em caso de vacância da Presidência. "Convoque eleições e vamos ver quem tem mais votos", disse.

Era esperado que Guaidó pudesse anunciar eleições no sábado (23), embora não tenha poder sobre a máquina do governo, mas Maduro não tocou no assunto em seu pronunciamento em Cúcuta. "Estou mais maduro do que nunca, pronto para continuar governando por muitos anos. O golpe fracassou, o que vão fazer agora?", ironizou o chavista.

Maduro também garantiu que o regime tem "planos para todos os cenários" e incitou seus apoiadores a iniciarem uma "grande revolução proletária" caso aconteça alguma coisa com ele. O presidente ainda se ofereceu para receber ajuda humanitária da União Europeia e do Brasil, mas desde que pagando pelos alimentos e remédios.

"Mandei uma mensagem ao Brasil dizendo que estamos dispostos, como sempre estivemos, a comprar todo o arroz, todo o açúcar, todo o leite em pó, toda a carne que vocês queiram vender. Não somos mendigos, somos gente honrada", disse.

Sobre a ajuda reunida em Cúcuta, na Colômbia, o chavista afirmou tratar-se de alimentos vencidos e "cancerígenos" e acrescentou que ao menos duas pessoas já morreram por comer esses produtos, porém sem dar nenhuma prova

Juan Guaidó, por sua vez, voltou a pedir a militares venezuelanos que deixem de obedecer a Maduro: "Vocês não devem lealdade a quem queima comida", disse o autoproclamado presidente. Ele ainda garantiu que o mundo viu a pior versão da Venezuela no sábado (23) e pediu apoio da comunidade internacional. 

O opositor de Nicolás Maduro também participará na segunda-feira (26) da reunião do Grupo de Lima, em Bogotá, "para discutir possíveis ações diplomáticas" contra o chavista. O grupo reúne os países: Brasil, Argentina, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Chile, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru. 

Ajuda

Cerca de 10 caminhões partiram de Cúcuta em direção à Venezuela no sábado (23) com ajuda humanitária. Já no Brasil, duas caminhonetes saíram de Boa Vista, capital de Roraima, pela manhã, e entraram em território venezuelano, levando doações.

Em nenhum dos casos, no entanto, os veículos conseguiram superar os bloqueios das forças de segurança. Houve confrontos na fronteira brasileira e na colombiana, especialmente em Ureña, vizinha a Cúcuta.

O governo de Maduro negou que tenha sido acção da Guarda Nacional Boliviana o incêndio dos caminhões que continham ajuda humanitária. 

Colômbia contabiliza mortos e feridos

Em comunicado oficial, o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia informou que 285 se feriram nos confrontos em decorrência, sobretudo, dos ataques com gás lacrimogêneo e armas não-convencionais.

Dos 285 feridos, 255 são venezuelanos e 30 são colombianos. No comunicado, o ministério informou também que um grupo de 60 militares venezuelanos, incluindo oficiais, pediram refúgio na Colômbia. De acordo com o texto oficial, a reação dos militares demonstra o descrédito no governo do venezuelano Nicolás Maduro.

O comunicado ressalta também que a prioridade do presidente da Colômbia, Iván Duque, é proteger a integridade de pessoas na zona fronteiriça e providenciou o retorno de caminhões para proteger a ajuda humanitária.

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