23/02/2023 20:48:00 - Atualizado em 23/02/2023 20:49:00

Coordenador-geral do MapBiomas alerta para piora de eventos climáticos no país: "O Brasil está secando"

Redação RedeTV!

Em entrevista ao ‘É Notícia’, Tasso Azevedo fala sobre os fenômenos extremos que o país vem enfrentando 

(Foto: RedeTV!)

Nesta quinta-feira (23), o ‘É Notícia’ recebe o coordenador-geral do Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas), Tasso Azevedo, para discutir os eventos climáticos extremos que o Brasil vem enfrentando. 

O jornalista Kennedy Alencar conversa com Tasso para entender os fenômenos que ocorrem simultaneamente no Brasil. Em uma semana que o Rio Grande do Sul enfrenta o período mais seco do mundo, o litoral de São Paulo registra a quantidade recorde de chuva já registrada no país. 

O engenheiro florestal explicou que os eventos extremos ocorrem por dois fatores importantes: a perda da cobertura florestal e o efeito regulador da água, que prolonga a seca e desregula os ciclos de chuva, causando dois cenários climáticos. “Neste momento, o lugar mais seco do planeta com a pior estiagem é o Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina. Ao mesmo tempo, a gente tem essas chuvas torrenciais no litoral paulista”, destacou Tasso. 

Para o coordenador, os fenômenos atuais geram um alerta para os próximos anos, baseado nos agravamentos das mudanças climáticas. “A mudança climática não é um evento, ela é um processo que agrava os eventos. Esse tipo de agravamento é esperado pela ciência e vai ficar pior. Se choveu 800 mm agora, vai ter um momento que vai chover mais que 800 mm”, explicou. 

O engenheiro ambiental afirmou que os mapeamentos proporcionados pelas tecnologias pioneiras do MapBiomas mostram que o Brasil sofreu uma grande perda florestal ao longo dos últimos dez anos. “O Brasil perdeu duas Alemanhas, de suas florestas. Uma área gigantesca que simplesmente sumiu do mapa, em termo de florestas no país”, garantiu Tasso. 

Além do desmatamento da maior floresta do mundo, o mapeamento do MapBiomas apontou que o Brasil está perdendo sua superfície de água. “Estamos vivendo um momento crítico de muitas chuvas, mas se olhar o dado histórico, ao longo do tempo, o Brasil está secando”, relatou o especialista, ao comentar sobre as ações que estão acelerando a seca no país.

Ao ser questionado por Kennedy sobre o bioma mais desmatado do Brasil, Tasso apontou que é a floresta Amazônia. “Em termos absolutos, a maior parte do desmatamento hoje acontece na Amazônia. A maior área desmatada é na Amazônia.” Entretanto, o especialista faz um alerta para o desmatamento do Cerrado, que mesmo sendo um território menor, está chegando próximo à devastação causada no maior bioma brasileiro. “Proporcionalmente, o Cerrado está desmatando mais do que a Amazônia. A Amazônia foi desmatada cerca de 20%, historicamente. No cerrado já estamos chegando aos 50%.” 

Os benefícios causados pelas florestas ao mundo também foram destacados pelo coordenador, que citou uma das contribuições ao revelar um cálculo realizado pelo pesquisador Antonio Nóbrega, onde aponta que se a produção de água das florestas fosse convertida em dinheiro, o valor seria três vezes maior que o PIB Global . “A floresta valeria US$ 1 trilhão por dia, US$ 350 trilhões por ano. O PIB Global é US$ 120 trilhões,” detalhou.

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