Paracetamol na gravidez aumenta riscos de autismo e hiperatividade, diz estudo
Redação RedeTV!(Foto: Reprodução/Pexels)
Pesquisadores espanhóis do Instituto de Salud Global realizaram um estudo que apontou que o paracetamol durante a gravidez pode estar associado a casos de autismo e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). A pesquisa foi publicada na sexta-feira (1º) pela revista International Journal of Epidemiology.
Para chegar à conclusão, eles analisaram o uso do medicamento em mais de 2.500 mães e crianças, e descobriram que os casos de autismo eram maiores entre os meninos, enquanto o TDAH em ambos os sexos. Segundo os cientistas, o remédio pode afetar os receptores do cérebro durante o desenvolvimento, conforme reportado pelo jornal britânico "Daily Mail".
Após um estudo pioneiro sobre essa relação, os cientistas disseram que conseguiram apresentar resultados diferentes entre meninos e meninas. No caso de mães cuja droga foi tomada, os filhos (meninos) apresentavam um aumento de 30% nas chances de mostrar comprometimento nas funções de atenção e um aumento de dois sintomas clínicos associados ao autismo. >>>
(Foto: Reprodução/Flickr/David Pacey)
Um total de 2.644 pares (mãe e filho) foram convocados para participar da pesquisa. Destes, 88% foram avaliados quando a criança ainda tinha um ano de idade, e o restante aos cinco anos de idade. As mães foram questionadas sobre o uso de paracetamol durante a gravidez, e a frequência desse uso era classificada entre nunca, esporadicamente e persistentemente.
"O paracetamol poderia ser prejudicial para o desenvolvimento neurológico por várias razões. Em primeiro lugar, ele alivia a dor ao atuar sobre os receptores de canabinóides do cérebro. Dado que estes receptores, normalmente, ajudam a determinar como os neurônios amadurecem e se conectam entre eles, o paracetamol poderia alterar estes processos", disse o coautor Dr. Jordi Júlvez, do Instituto para Saúde Global de Barcelona.
A autora do estudo, Claudia Avella-Garcia, afirmou que o paracetamol poderia afetar também o desenvolvimento do sistema imunológico. Segundo ela, o medicamento "ser tóxico para alguns fetos, por não terem a mesma capacidade que um adulto de metabolizar esse tipo de droga, ou criar estresse oxidativo". Ainda poderia haver uma explicação para que os meninos sejam os mais propensos a ter sintomas de autismo. "O cérebro masculino é mais vulnerável às influências nocivas enquanto no início da vida", pontua Garcia.
Apesar da precisão da pesquisa, os autores afirmaram que mais estudos precisam ser feitos, conduzidos com dosagens mais precisas da medicação, já que entre as voluntárias não havia informações confiáveis sobre a quantidade ingerida durante a gravidez para creditar os valores de riscos.
Comentando o estudo, o médico Dr. James Cusack, diretor de ciência na ONG Austistica, disse que ele "não oferece evidências suficientes para apoiar a alegação de associação entre o remédio e os sintomas de autismo". Além disso, para ele os resultados são apenas "preliminares".
Orientações oficiais indicam que o medicamento só deve ser tomado durante a gravidez caso seja necessário, e pelo menor tempo possível.