20/03/2020 18:25:00 - Atualizado em 25/03/2020 14:50:00

''É precoce afirmar que grávidas não farão parte do grupo de risco'', diz especialista sobre coronavírus

Tamires Ferreira/RedeTV!

Médico ressalta que por ser um novo vírus informações podem ser revistas

(Foto: Reprodução/Pixabay)

Mesmo sem registro de que o novo coronavírus tenha evoluído de forma mais grave em gestantes, a doença tem gerado uma preocupação a mais para mães, que geralmente estão com a imunidade baixa durante a gravidez. 

Para tranquilizar as grávidas, o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists, do Reino Unido, publicou recentemente um estudo que teve como foco mulheres nesse período. Mas ressaltou que, por se tratar de um novo vírus, a partir de novas evidências, informações podem ainda ser reavaliadas. 

De acordo com a pesquisa, "mulheres grávidas não aparentam ser mais suscetíveis às consequências do coronavírus que o resto da população". Também ressaltou que não há evidências de que a doença aumente as chances de abortos ou de partos prematuro e nem que a gestante infectada possa transmitir o vírus para o bebê durante a gravidez. Ocorre o mesmo para a amamentação, ainda não existem dados de que a doença seja transportada pelo leite materno.

Segundo o especialista em Reprodução Humana e Mestre e Doutor pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), Marcos Moura, o informe publicado pela Royal teve como base 9 casos de gestantes infectadas na China, com idades entre 27 e 40 anos, que tiveram "sintomas leves a moderados e não tiveram complicações durante a gestação" e nem no pós-parto. Os bebês também nasceram bem e não foram afetados pelo vírus.

Entretanto, Moura acredita que qualquer afirmação nesse sentido seja ainda muito precoce, tendo em vista que a pesquisa da Royal foi básica e de acordo com os dados que eles tinham em mãos. Não se sabe, por exemplo, como o vírus se comportaria em uma gestante mais velha ou com outras doenças crônicas, então ainda não se pode garantir que gestantes não farão parte do grupo de risco futuramente.

"Se a gente já tivesse algum estudo que comprovasse o risco, provavelmente as grávidas já estariam no grupo de risco, como é uma situação nova pode haver mudanças, mas é precoce. Pelo número pequeno de grávidas que tiveram a infecção, é precoce anunciar que ela não faz parte do grupo de risco", explicou ele.

Moura ainda lembrou do surto de zika vírus, de 2015, doença que é transmitida pela picada de insetos, especialmente mosquitos. Segundo o especialista, "o coronavírus, a priori, não é tão preocupante como foi o vírus da zica", que apresenta um risco superior para o desenvolvimento de complicações neurológicas, como a microcefalia. Mas reforçou que, assim como a pesquisa, além de não haver evidências de que a doença contamine os bebês ainda na barriga, por enquanto, o vírus se comporta em grávidas como outros vírus de gripe. 

Em Wuhan, epicentro do coronavírus, dois recém-nascidos foram diagnosticado com a doença no começo de fevereiro. A mãe já era diagnosticada com o vírus e os médicos não ainda não sabem se o bebê contraiu a doença no útero, após o nascimento, no manuseio dos profissionais da saúde ou durante o parto. 

Na última segunda-feira (16) a Organização Mundial da Saúde (OMS) também informou que há registros de crianças mortas entre as vítimas do novo coronavírus. "Esta é uma doença séria. Embora a evidência que temos sugira que aqueles com mais de 60 anos correm maior risco, jovens, incluindo crianças, morreram", disse o diretor-geral, Tedros Adhanom, em entrevista coletiva.

Até então, a organização não havia reconhecido a morte de crianças pelo Covid-19. A entidade não citou casos específicos ou números.

Estou tentando engravidar, e agora?

A respeito de casais que estão tentando engravidar neste período, Moura, que é responsável por uma clínica de reprodução, contou que costuma conversar com seus pacientes antes de qualquer decisão: "Fica a critério do casal, não sei se existe um risco, o que a gente está passando é um pouco de pânico, se você deseja ficar mais tranquila considere deixar para depois, mas eu não posso contraindicar uma transferência agora, mas também não posso indicar, é muito cedo", afirmou.

O especialista explicou ainda que para algumas mulheres é inviável a espera para engravidar: "Grávidas que vão fazer tratamento de fertilização, uma parcela significativa não pode adiar o tratamento pelo risco de baixo óvulos, a recomendação que a gente tem é fazer o tratamento e congelar os óvulos", esclareceu ele, ressaltando que sobre as relações sexuais ainda não existem contra indicações ou comprovação da presença do vírus no sémen, porém, devido o contato físico, em alguns casos, seja mais indicado evitar.

As recomendações para mães que logo entrarão em trabalho de parto e para os profissionais que atuarão em cirurgia, "são as mesmas de antes da epidemia, agora é se cuidar mais, mas não existe uma recomendação especifica".
O médico finalizou tranquilizando as futuras mães: "Não se preocupem, não vão arrancar os cabelos da cabeça porque está grávida", finalizou. 

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