10/06/2016 11:22:00 - Atualizado em 10/06/2016 11:37:00

Vítimas de grave acidente na rodovia Mogi-Bertioga são enterradas

ABr

Os sepultamentos de nove estudantes que morreram no acidente ocorrido na última quarta-feira (8), na rodovia Mogi-Bertioga, começaram por volta das 9h30 desta sexta-feira (10) em São Sebastião, no litoral Norte de São Paulo. Oito deles, que foram velados no ginásio de esportes do bairro Barra do Una, estão sendo enterrados no cemitério municipal do mesmo bairro.

A outra vítima, que também foi velada em São Sebastião, será sepultada no cemitério municipal do bairro Juqueí. Os corpos das demais vítimas do acidente foram enviados para serem velados e enterrados em outras cidades como São Paulo, Itaquaquecetuba e Caraguatatuba.

Em São Sebastião, o maior velório ocorreu em Barra do Una, onde oito vítimas foram veladas no ginásio de esportes. Por volta das 9h30, familiares começaram a levar a pé, em cortejo, os caixões em direção à capela Nossa Senhora do Carmo e Senhor Bom Jesus, vizinha do cemitério municipal. Os enterros passaram, então, a ocorrer um por vez.

No pátio da capela, alguns familiares que aguardavam pelo sepultamento, pediam, em tom de desabafo e revolta, justiça: “que sejam presos e paguem pelo que fizeram. Sei que aqui tem autoridades, eles têm que escutar e tomar vergonha na cara”, disse comovida, em voz alta, uma senhora, familiar de uma das vítimas. “Todos sabiam que os ônibus estavam nas piores condições”. Ela foi aplaudida pelos demais presentes.

Na última madrugada, após comparecer ao velório em Juqueí, o prefeito de São Sebastião, Ernane Primazzi, disse que o ônibus da empresa União do Litoral, envolvido no acidente, fretado pela prefeitura para transportar os estudantes, estava com a documentação e a revisão mecânica em dia. “No local foi possível ver que os pneus estavam em bom estado. Agora temos de esperar a perícia da polícia para saber o que aconteceu”, disse Primazzi.


Acidente

Morreram 18 pessoas, após um ônibus, que trazia estudantes universitários, capotar na rodovia Mogi-Bertioga. Entre os mortos, também estava o motorista, que trabalhava há dois anos para a empresa União do Litoral, no coletivo fretado pela prefeitura de São Sebastião. Segundo a prefeitura, essa empresa foi contratada para operar 13 linhas de transporte de estudantes universitários e secundaristas, sendo seis no caminho entre São Sebastião e Mogi das Cruzes. A documentação, de acordo com a prefeitura, estava em ordem.

Pelo menos outras dez pessoas ficaram feridas, duas em estado grave. Uma delas, Eric Augusto Ramalho, está na Unidade de Terapia Intensiva (UIT) do Hospital Santo Amaro, no Guarujá.

O trecho da estrada onde o ônibus tombou era de declive e com pouca iluminação, afirmou o delegado Fábio Pierre. Não estava chovendo, mas o veículo foi arrastado violentamente ao tombar, ficando com as rodas para cima e teve toda a parte do teto destruída, inclusive a cabine.”A maioria das vítimas sofreu contusões muito sérias na cabeça”, disse o delegado.

As prefeituras de São Sebastião, Guarujá e a Polícia Civil uniram esforços para que a identificação e a emissão dos atestados de óbitos fossem feitas no mesmo local, acelerando a liberação dos corpos e facilitando o trâmite para as famílias. As vítimas foram reconhecidas pelos parentes por fotos e pelo exame de impressões digitais.

Pai de Rita de Cássia Lima, o caseiro Otacílio Pereira de Lima estava visivelmente emocionado, enquanto aguardava a conclusão dos trabalhos em frente ao IML de Guarujá. Ele conta que foi informado do acidente por colegas da filha por meio das redes sociais. “Fui até o local para ver se era verídica a informação”, contou. “Não é fácil receber uma notícia dessas. Não é uma notícia, é uma bomba”, acrescentou, sobre seu sentimento ao confirmar a morte da jovem de 19 anos.
Lima disse que sempre se preocupou com a segurança de Rita durante o trajeto de ida e volta pela estrada. “Infelizmente, temos frotas de ônibus sucateados. O nosso governo só se importa em multar nós motoristas, e não fiscaliza”, desabafou.

De acordo com o delegado Fábio Pierre, o ônibus era de fabricação de 2005. Apesar da estrada ser perigosa, o motorista conhecia bem o trajeto que fazia há pelo menos dois anos. Para ele, o acidente pode ter sido decorrência de uma conjunção de fatores, mas só a perícia poderá identificar se houve falha humana, condições adversas na estrada ou mesmo problemas mecânicos.

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