19/03/2019 09:44:00 - Atualizado em 19/03/2019 12:41:00

Mulheres denunciam tatuador por assédio sexual em estúdio de Belo Horizonte

Redação RedeTV!

Ao menos 40 mulheres relataram terem sofrido assédio do mesmo profissional

(Foto: Google Street View)

Uma publicação feita pela ativista Duda Salabert em seu Instagram no último sábado (16) denuncia um tatuador de Belo Horizonte por assédio sexual a dezenas de mulheres que procuraram seu estúdio para fazerem tatuagens. 

Duda Salebert relatava, em outra publicação também no sábado (16), que preferia se tatuar com profissionais mulheres pois pessoas do sexo feminino estão sempre sujeitas a sofrerem assédio sexual. Esse foi o gatilho para que mais de cem mensagens chegassem através da rede social da ativista com denúncias de mulheres assediadas enquanto se tatuavam.

O que chamou a atenção de Duda é que, ao menos, 40 dessas denúncias eram contra um mesmo tatuador, identificado como Leandro, com dreadlocks no cabelo, do estúdio Tattoo Reggae Studio, localizado na Avenida Nossa Senhora do Carmo, na Savassi, região Centro-Sul de Belo Horizonte.

Após tomar conhecimento da história, a também ativista Izabella Bomtempo decidiu colaborar com a divulgação da história. Em sua página no Facebook, Izabella compartilhou diversos relatos de mulheres, que optaram por não se identificar, em que contam tudo que passaram durante as sessões de tatuagem no estúdio Tattoo Reggae. 

Uma das vítimas conta sua experiência quando procurou o tatuador para fazer um desenho no tríceps. "Ele me pediu pra ficar em decúbito vertical [de bruços] e apoiava a minha mão no pênis dele toda hora. No início eu preferi pensar que poderia ser sem querer e não tinha como eu movimentar minha mão pra tirar porque poderia atrapalhar a tattoo. Enfim, depois eu percebi que era de propósito e fiquei muito assustada, doida pra sair de lá. Foi terrível e a tatuagem ficou péssima, tive que reforçar. E óbvio, em outro lugar", escreveu.

Em outro relato, uma mulher conta que foi assediada pelo mesmo homem em 2011: "Foi na lateral da mão e lembro que fiquei extremamente desconfortável porque ele me deitou, apoiou minha mão na minha barriga e apoiou seu braço na minha coxa pra tatuar. A LATERAL DA MINHA MÃO! Comentei a situação com uma amiga na época que estava fazendo um desenho de várias sessões com esse tatuador e ela comentou que ele era safado assim mesmo", escreveu a vítima, que ainda relembrou quando a amiga disse que o assediador ficava com o membro sexual ereto, perceptível pela marca na roupa, durante as sessões de tatuagem. 

"Ele era conhecido por ser "taradão" e ficar oferecendo maconha (meio que a força) para clientes fumarem, mas nunca dei importância para isso. Não tinha ciência das coisas, era bem nova, ingênua e achava que era normal", conclui o relato. 

Já outra vítima relembra que quando procurou o estúdio para fazer sua tattoo, ainda era virgem, e hoje tem consciência do abuso que sofreu. "Acho que foi nessa sessão que notei em determinado momento que o bojo do peito que era do lado da tatuagem não estava bem tampando o peito. Não lembro se já tinha começado nesse dia. A impressão é que minha mão estava apoiada no colo dele tocando o pênis. Não fui eu que quis colocar ela lá, eu até tentei tirar mas pareceu que eu estava atrapalhando e que lá era o único lugar que dava. Eu era virgem, eu realmente não sabia como funcionava a acomodação de um pênis dentro da calça, duro ou mole. Mas hoje me parece que ele estava duro e minha mão estava nele", escreve a jovem que complementa relatando outra sessão que compareceu para o término da tatuagem: "Ele foi desenhando a continuação e ela foi descendo pela minha cintura e ele me perguntou se tudo bem descer minha calça pra continuar na minha perna, e achei que ia ser só um pouco, mas minha bunda inteira ou pelo menos uma nádega inteira ficou exposta e eu já não sabia o que fazer". 

Em contato com o Tattoo Reggae a recepcionista afirmou que Leandro é o proprietário do estúdio mas que ainda não havia chegado para o trabalho na manhã desta terça-feira (19). 

Na página do estúdio no Instagram o homem se defende: "Calúnia é crime. Venho por meio desta rede social, comunicar a todos os meus clientes, amigos, seguidores e familiares, que repudio de forma veemente todas as criminosas acusações infundadas sobre minha pessoa. Vou a delegacia de crimes virtuais com meu advogado e instaurei um boletim de ocorrência, para apurar todas as calúnias, injúrias e difamações contra meu nome e informo a todos que invadiram indevidamente minha rede social para criminosamente me acusar sem nenhuma prova, serão responsabilizados criminalmene". 

Em contato com a Polícia Civil de Minas Gerais, o portal da RedeTV! foi informado de que as investigações estão em curso e diligências imprescindíveis estão sendo realizadas. Outras informações sobre o caso não serão divulgadas por enquanto, afirmou a assessoria de imprensa da polícia. 

(Foto: reprodução/Instagram)


(Foto: reprodução/Instagram)


(Foto: reprodução/Instagram)

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