02/02/2018 13:25:00 - Atualizado em 06/02/2018 13:03:00

Jovem viraliza ao contar como racismo afetou sua autoestima: "Usava pregador para afinar o nariz"

Maria Fernanda Rodrigues/RedeTV!

(Foto: Reprodução/Youtube)

"Quem te ensinou a odiar a forma do seu nariz e a forma de seus lábios?". A pergunta feita por Malcolm X serviu para inspirar a youtuber Gabi Oliveira, do canal DePretas, em vídeo recente intitulado "tour pelo meu rosto", no qual fala sobre seus traços e a relação com sua aparência. O relato da carioca de 26 anos, que é formada em relação públicas pela UERJ, não só viralizou como também emocionou milhares de seguidores.

"Na infância o meu nariz era o meu martírio, eu passava horas e horas com um pregador para tentar afiná-lo", contou Gabi em um dos trechos do vídeo visto 4,5 milhões de vezes no Facebook e mais de 329 mil no Youtube.

Embora hoje entenda o contexto em que estava inserida, Gabi relembra em conversa com o portal da RedeTV! que em seu ambiente familiar a prática era aceitável. "Na casa da minha avó tinha esse mito de que usar um pregador afinava o nariz. Como o meu nariz era o maior entre meus primos, sempre fui a mais zoada", conta ela.

"Era uma mutilação ao meu próprio corpo", reforça. "Outro tipo de mutilação foi alisar o meu cabelo desde os quatro anos. Eu já cheguei a sofrer uma queimadura no couro cabeludo que só voltou a nascer cabelo na região depois de dois anos que deixei de usar química. Se isso não é se mutilar, eu não sei o que é", completa ela. 

Gabi reconhece que voltar aos traumas da infância não faz bem, mas sentiu que era o momento de compartilhar sua história com outras mulheres e adolescentes negras que passam por problemas parecidos. "Gravar esse vídeo foi muito difícil. Quando você fala da sua dor, mexe em traumas do passado, algumas coisas reacendem", diz.

A repercussão superou as expectativas da vlogueira."Eu me preocupo que a mensagem esteja chegando em quem precisa urgentemente ouvir. Fiquei feliz com a identificação que rolou", comentou Gabi sobre a resposta do público nos comentários. 

Inúmeros internautas postaram fotos se orgulhando de seus traços nos comentários e contando relatos parecidos com os de Gabi. "Eu também já fiquei horas com pregador de roupas no nariz pra tentar 'afinar'. Tinha muita vergonha do meu nariz achatado", comentou uma seguidora.

Apesar do canal ser destinado essencialmente às mulheres negras, inúmeras mulheres brancas também se identificaram com o tema. "Eu não sou negra, mas sofri muita discriminação por causa do meu peso e até hoje eu mesma me discrimino por isso, entendo perfeitamente quando diz sobre sua autoaceitação". Gabi achou a repercussão positiva: "Falo para mulheres negras porque por muito tempo a gente teve que se adaptar a outras mensagens, destinadas a pessoas brancas. Mas não imaginava que tantas mulheres não-negras se identificariam tanto", finalizou.

(Foto: Reprodução/Facebook)

(Foto: Reprodução/Facebook)

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