02/12/2019 14:38:00 - Atualizado em 02/12/2019 15:38:00

João Doria nega culpa da Polícia Militar após mortes em Paraisópolis

Redação/ RedeTV! com Agência Brasil

Doria lamentou as mortes após ação da PM em baile funk 

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), negou que as nove mortes que aconteceram na madrugada de domingo (1º) durante um baile funk em Paraísopolis, na Zona Sul da capital, tenham sido provocadas pela ação condutente da Polícia Militar. Em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira (3), Doria afirmou que a letalidade não foi ocasionada pela PM e que não houve invasão ao evento.

"A letalidade não foi provocada pela PM e sim por bandidos que invadiram a área onde estava acontecendo baile funk. É preciso ter muito cuidado para não inverter o processo", disse o político. "Não houve ação da polícia, nem utilização de arma, nem em relação a invadir a área onde o baile estava acontecendo, tanto é fato que o baile continuou. Não deveria sequer ter ocorrido. Ele é ilegal, fere a legislação municipal. Tanto é fato que prosseguiu."

Doria, que lamentou o ocorrido e prestou solidariedade às famílias das vítimas, afirmou que a política de segurança pública da cidade não irá sofrer alterações. "As ações nas comunidades de São Paulo vão continuar. A existência de um fato e circunstancialmente com as apurações que serão feitas, não inibirá as ações que serão feitas envolvendo Segurança Pública. Não inibe ação mas exige apuração", garantiu. O governador, no entanto, reforçou a ordem de se fazer uma apuração rigorosa sobre o ocorrido.

O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Marcelo Salles, disse que os agentes que chegaram primeiro ao baile funk foram agredidos. "Os três primeiros policiais que chegaram foram agredidos com pedras, com garrafas e contidos. É isso que precisa ficar conhecido. Por conta da ação, houve uma reação. Foi isso que houve".

Algumas pessoas envolvidas na ação policial alegam que os militares atiraram em direção ao público do evento, com armas de cano longo, de calibre 12, e que portavam granadas. O coronel Salles nega essa versão. Ele disse que embora parte dos depoimentos ainda deva ser colhida, avalia já constatar "inconsistência" nos relatos. "Vamos ouvir todos que foram encaminhados ao inquérito, mas, de plano, já se nota uma inconsistência", afirmou.

A PM sustenta que suspeitos foram abordados pelos policiais que faziam patrulhamento e abriram fogo. Na sequência, os agentes teriam perseguido o grupo até o baile funk. Nesse momento, ocorreu o tumulto, que resultou na morte de nove pessoas, que morreram pisoteadas. Uma das vítimas tinha 14 anos. Ao todo, 5 mil pessoas estavam no local.

Já o secretário de Segurança, João Camilo Pires de Campos, disse que irá apurar quem são os responsáveis por organizar os bailes na comunidade de Paraísopolis. De acordo com a Polícia Militar, no dia da operação que resultou na tragédia, outros nove bailes funks aconteciam na região.

Confusão:

Em coletiva de imprensa, o tenente-coronel Emerson Massera, porta-voz da Polícia Militar, afirmou que policiais usaram balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio em reação ao ataque inicial de bandidos que atiraram contra as viaturas e seguiram em direção ao local onde ocorria o evento, também conhecido como ‘pancadão’.

A PM informou que cerca de 5 mil pessoas participavam do baile. “As ações só se deram porque os policiais foram atacados”, afirmou o porta-voz da PM. Ele explicou que uma moto com dois indivíduos em atitude suspeita passou por um ponto de estacionamento de patrulhas da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), do 16º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) que realizavam a Operação Pancadão na região.

Segundo ele, os policiais estavam ali para garantir a segurança das pessoas. Massera acrescentou que, ao serem abordados, os suspeitos não pararam e dispararam contra os policiais.

Os agentes perseguiram os bandidos até o baile funk, quando ocorreu o tumulto. “Na tentativa de abordagem, esses ocupantes da moto fugiram e dispararam contra os policiais. Esse acompanhamento se deu por cerca de 300 metros, quando acabou terminando no pancadão. Os criminosos utilizaram as pessoas que estavam frequentando o baile como uma espécie de escudo humano para impedir a perseguição policial”, detalhou Massera.

Segundo ele, no momento em que os policiais chegaram próximo ao pancadão, em seis motocicletas da Rotam, as pessoas foram na direção dos policiais, “arremessando pedras, garrafas e aí a atuação da polícia acabou sendo uma ação de proteção aos policiais”. Ele disse ainda que os criminosos se misturaram à multidão, “inclusive efetuando disparos de arma de fogo contra os policiais. Nós recolhemos no local pelo menos uma munição de calibre 380 e uma de 9mm que supomos que estavam com esses bandidos”, acrescentou. 

Segundo Massera, na dispersão, algumas pessoas teriam tropeçado. Nove pessoas morreram por ferimentos após terem sido pisoteadas. “Por conta dessa correria que se deu com a chegada dos policiais, em acompanhamento aos criminosos, nove pessoas ficaram feridas gravemente e vieram a falecer. Até o momento a informação é que morreram pisoteadas, não há nenhuma com perfuração de arma de fogo ou algum outro tipo de lesão”, disse o agente.

Das nove pessoas mortas, quatro foram identificadas, sendo uma delas um adolescente de 14 anos. Entre as vítimas, que ainda não tiveram seus nomes revelados, estão oito homens e uma mulher.

Quanto aos suspeitos, a Polícia Militar informou que, com a dispersão, não conseguiu perseguir os suspeitos e que, por enquanto, ninguém foi preso. 

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