11/01/2022 10:44:00 - Atualizado em 11/01/2022 10:55:00

Há 10 anos, médico alertava sobre possível queda de paredão em Capitólio, MG

Gustavo Garcez/Redação RedeTV!

Prefeitura e doutor em geologia afirmam não se tratar da mesma rocha que matou 10 pessoas no sábado ( 8 )

(Foto: Reprodução/Facebook)

A publicação de 2012 nas redes sociais do médico Flávio Freitas, de 52 anos, viralizou no último final de semana, após um paredão se desprender de um cânion no Lago de Furnas, em Capitólio, Minas Gerais, e matar 10 pessoas que realizavam um passeio turístico. Na ocasião, ele publicou a foto de uma rocha que se assemelha com que a desmoronou no acidente e escreveu “essa pedra vai cair”.

Em entrevista à Redação RedeTV!, o médico conta que estava a passeio na cidade mineira com a família quando a estrutura chamou sua atenção no lago. “A extensão da fenda era impressionante. Era nítido que havia uma grande chance de queda”, conta.

Freitas acredita que a imagem que publicou seja do mesmo local do acidente de sábado (8). O médico destaca que o nível da água há 10 anos mudou e, por isso, a rocha está com um aspecto diferente dos vídeos divulgados da tragédia. “Não sou geólogo, mas acredito que seja o mesmo lugar. De qualquer forma, fica o alerta para as autoridades, porque esse paredão também deve cair”, disse.

Até o momento da reportagem, a publicação de Flávio Freitas somava 125 mil compartilhamentos. No sábado, ele repostou a imagem e somou 14 mil curtidas, 7.300 compartilhamentos e mais de 6 mil curtidas.

O prefeito de Capitólio, Cristiano da Silva (PP), afirmou, em entrevista à emissora CNN, que a rocha da publicação não é a mesma do acidente. Fato que foi confirmado com uma imagem do doutor em geologia pela Universidade de Freiburg Marcelo Martins Neto.

Veja:

(Foto: Arquivo pessoal/Geólogo Marcelo Martins Neto)

Apesar de serem locais diferentes, o doutor em geologia e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Antônio Pedrosa Soares, alertou que a situação da rocha da publicação é parecida com a que cedeu. Segundo o especialista, essas fraturas se dão por conta do processo de erosão que acontece há milhares de anos. 

“Essas estruturas costumam ficar muito encharcadas quando chove e, ao mesmo tempo, o lençol subterrâneo sofre oscilações fortes para cima. O atrito diminui muito entre a fratura e o rochedo de tal forma que as pedras começam a cair, sendo dos tamanhos mais variados”, explica Soares.

Ainda de acordo com o especialista, o procedimento adotado em Capitólio deveria ser totalmente diferente, já que uma situação como a do acidente pode ser evitada.

“A melhor solução para aumentar a segurança na região é se antecipar, pois os pedaços vão continuar caindo, porque sempre caíram”, disse o geólogo que destacou que as quedas são um processo natural. “É importante ter em mente que não é possível dizer quando um desabamento vai acontecer, mas sim que haverá um desabamento”, explicou o professor da UFMG.

A tragédia em Capitólio matou 10 pessoas e a identificação de todas elas foi concluída na segunda-feira (10). As vítimas são: Júlio Borges Antunes, de 68 anos, natural de Alpinópolis (MG); Camila Silva Machado, 18, de Paulínia (SP); Mykon Douglas de Osti, 24, de Campinas (SP); Sebastião Teixeira da Silva, 64, de Anhumas (SP); a esposa dele, Marlene Augusta Teixeira da Silva, 57, de Itaú de Minas (MG); Geovany Teixeira da Silva, 37; Geovany Gabriel Oliveira da Silva, 14; Thiago Teixeira da Silva Nascimento, 35; Rodrigo Alves dos Anjos, 40, de Betim (MG); e Carmem Pinheiro da Silva, 43.

A Marinha do Brasil informou, por meio de nota, que um inquérito será instaurado para investigar o acidente e suas circunstâncias. 

(Foto: Reprodução/Redes sociais)

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