Baleado em megaoperação, agente do Bope sobrevive a 17 minutos de parada cardíaca: "Nasci de novo"
Redação RedeTV! com IAO policial baleado por criminosos do Comando Vermelho está estável no Rio de Janeiro; veja entrevista

(Foto: Agência Brasil)
Um agente do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) baleado durante a megaoperação realizada em 28 de outubro contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro sobreviveu após uma parada cardiorrespiratória que se estendeu por 17 minutos.
O episódio ocorreu no Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), e, após quase 20 minutos de reanimação, o policial se recuperou sem apresentar qualquer dano cerebral ou sequela neurológica.
O militar encontra-se estável, consciente e se comunica normalmente. Embora ainda apresente limitações de mobilidade, ele está previsto para passar por uma nova cirurgia nesta sexta-feira (7), com o objetivo de recuperar os movimentos do braço atingido pelos criminosos na última semana.
Em conversa exclusiva com a CBN, o agente, que solicitou o anonimato por motivos de segurança própria e de sua família, declarou ter "nascido de novo" em duas ocasiões: a primeira no local do confronto e a segunda durante o procedimento cirúrgico.
O policial narrou com clareza os momentos da ação e o socorro imediato, lembrando-se de toda a sequência de eventos, desde o momento em que foi atingido e a extração do terreno, até a chegada ao hospital: “Esses criminosos agiram de forma totalmente agressiva, com falsas rendições para que o policial se aproximasse e fosse emboscado.”
Ele expressou gratidão à equipe médica e relatou seu otimismo, afirmando: “Nasci de novo. Só tenho a agradecer a Deus, primeiramente, e a toda a equipe do hospital, o HCPM, que de pronto recebeu a mim e a todos os policiais feridos no dia do combate, no dia da operação. Só tenho a agradecer a toda a equipe que esteve ali, nos proporcionando o que há de melhor na área da saúde.”
O agente revelou ainda que a experiência alterou suas prioridades de vida, e que, a partir de agora, o foco será dedicar mais tempo à família.
Os médicos responsáveis pelo atendimento também detalharam a ocorrência para a CBN. O anestesiologista Fernando Carvalho Corrêa, do HCPM, classificou o caso como impressionante. Segundo ele, o desfecho bem-sucedido foi possível porque o evento agudo ocorreu em um ambiente cirúrgico totalmente equipado.
“Ele estava estável do ponto de vista clínico, conversando, com o membro garroteado para conter o sangramento. Durante a cirurgia, começou a perder mais sangue e, em determinado momento, apresentou um evento agudo: uma parada cardíaca e fibrilação ventricular, que é uma contração irregular do músculo cardíaco e não é efetiva para mandar sangue para o resto do corpo", descreveu.
Corrêa detalhou o esforço conjunto, mencionando que houve um revezamento de equipes durante a reanimação: “Foi uma massagem cardíaca de 17 minutos, com a participação de toda a equipe, médicos, enfermeiros, residentes de anestesia, residentes de cirurgia geral. A sala ficou cheia de gente, e a gente conseguiu. Fico realizado de ter participado disso. São aquelas coisas que a gente vai contar para os netos.”
Megaoperação no RJ
No balanço da megaoperação, 13 agentes foram baleados, e quatro policiais — dois militares e dois civis — faleceram. No Hospital Central da Polícia Militar, quatro PMs permanecem internados, todos com quadro estável, e um deve receber alta ainda nesta sexta-feira (7).
A tenente-coronel Aniela Barros, chefe das Clínicas Cirúrgicas do HCPM, alertou para o aumento da gravidade dos ferimentos ao longo de seus 24 anos de carreira. Ela destacou a diferença entre disparos de armas comuns e os de fuzil, armas de alta velocidade.
“O problema do projétil de alta velocidade é que ele produz uma energia cinética muito grande. O orifício de entrada e o de saída têm uma diferença enorme, e todo aquele trajeto causa um turbilhonamento que gera uma lesão térmica muito maior. Com certeza, essas lesões são gravíssimas, e hoje em dia a gente perde muitas vidas por conta delas", pontuou.
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