30/11/2021 15:08:00 - Atualizado em 30/11/2021 17:50:00

De Mourinho a Abel Ferreira, técnicos portugueses dominam títulos continentais

Elcio Mendonça/Redação RedeTV!

Portugal é o único país com treinadores campeões em quatro continentes diferentes

Foto: Divulgação/Palmeiras

Berço de Cristiano Ronaldo e campeão da Eurocopa em 2016, Portugal cada vez se consolida mais como um país exportador de técnicos

O título de Abel Ferreira, por exemplo, foi a 11ª conquista continental de um treinador luso. São três Libertadores (duas com Abel e uma com Jorge Jesus), três UEFA Champions League (duas com José Mourinho e outra com Artur Jorge), quatro títulos da Liga dos Campeões Africanos (todas com Manuel José) e, recentemente, triunfo na Champions League Asiática, com Leonardo Jardim.

Portugal é, inclusive, o único país com treinadores campeões em quatro competições continentais diferentes, uma marca que reforça como a nação com pouco mais de 11 milhões de habitantes se tornou referência na formação de treinadores.

Exceto por Artur Jorge, que levou o Porto ao título europeu em 1987, todas os títulos aconteceram nesse século, acompanhando a evolução do processo de formação de profissionais no país.

José Mourinho tem um papel fundamental. Não apenas por ser o nome mais conhecido, mas também por ser o responsável pela popularização dos treinadores portugueses. Sua metodologia de treinamento, conhecida como periodização tática, influenciou profissionais ao redor do mundo, entre eles Abel Ferreira.

"Esta é a diferença entre um rato e um homem. É você acreditar no seu trabalho. Eu sou português com muito orgulho, sou europeu com muito orgulho. Temos os melhores treinadores do mundo, o Mourinho", disse Abel em coletiva de imprensa após eliminar o Atlético Mineiro na semifinal da Libertadores para depois completar. "Essa é a mentalidade portuguesa, a mentalidade europeia. Disso, eu não vou abdicar nunca". 

Resumidamente, a periodização tática busca privilegiar a contextualização do treino em função das características, necessidades e princípios de um modelo de jogo, ou seja, da organização do jogo orientada pela tática.

Um modelo bastante útil para quem gosta de adaptar sua equipe à maneira que o adversário joga, algo feito com maestria pelo próprio Abel.

Nova escola portuguesa

Portugal atualmente é considerado pela UEFA como um centro formador de treinadores. O curso da federação local é reconhecido pela entidade europeia, o que facilita a "exportação" de profissionais, além, é claro, de trazer mais qualidade ao processo de formação.

A evolução é sentida no próprio mercado doméstico. Se antigamente os estrangeiros tinham porta aberta, entre eles brasileiros como Felipão, Paulo Autuori ou Carlos Alberto Silva, atualmente são raros na primeira divisão, especialmente nos times grandes

Outro setor que ganhou com a mudança é a formação de atletas. Com cada vez mais profissionais capacitados, muitos deles passaram a trabalhar nas categorias de base, evoluindo o trabalho nos clubes e na seleção nacional.

Mourinho comanda a Roma nesta temporada - Foto: Divulgação/AS Roma

Embora não tenha um modelo de jogo único, como a também famosa e bem sucedida escola alemã, a nova visão portuguesa privilegia o futebol ofensivo e de valorização da posse de bola, e já começa a colher os frutos, como o título da Euro sub 21 ou da Youth League, versão sub 19 da UEFA Champions League, conquistada pelo Porto.

Mas a principal conquista é a revelação de jogadores já submetidos a este novo processo, criando uma nova geração talentosa encabeçada por Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Ruben Dias, João Cancelo e João Félix.

Seleção ainda é "velha guarda"

Curiosamente, como diz o ditado "em casa de ferreiro o espeto é de pau", a seleção portuguesa é dirigida não por um técnico dessa nova escola, mas por um membro da velha guarda do futebol luso.

Aos 67 anos e respaldado pelo título europeu em 2016, Fernando Santos vem recebendo fortes críticas pela não classificação direta à Copa do Catar, sendo obrigado a disputar uma perigosa repescagem com Itália, Turquia e Macedônia do Norte, em março do próximo ano.

Vindo de uma outra geração, com uma visão diferente sobre o jogo, o Engenheiro, como é conhecido o treinador, vem mostrando dificuldades para transformar uma seleção recheada de bons valores em, de fato, uma equipe.

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