18/09/2020 13:17:00 - Atualizado em 18/09/2020 13:23:00

Opinião: Flamengo, Jorge Jesus e o fado do passado

Elcio Mendonça/RedeTV!

Goleada no Equador escancara problemas, mas olhar para trás não é a solução



O português Jorge Jesus saiu do Flamengo, mas um fado luso ainda permanece por lá. Nada de samba ou funk. Nos corredores da Gávea ecoam “ó tempo volta para trás. Traz-me tudo o que eu perdi”, versos de Antônio Mourão, uma famosa (e melancólica) canção da terrinha.

Ainda sob uma compreensível memória afetiva, de quem varreu o futebol sul-americano na última temporada, os rubro-negros se voltam ao passado recente sempre que o presente se mostra menos sedutor.

Automaticamente surge a ideia de que tudo seria diferente com a permanência de Jesus no clube. Obviamente o impacto na retomada da Libertadores e no início do Brasileirão seria menor, mas será que tudo estava realmente bem antes da saída do Mister?

Na volta do Campeonato Carioca, em especial nos três duelos seguidos com o Fluminense, ficou evidente a falta de intensidade no Flamengo. Logo ela que fez toda a diferença em 2019.

Talvez pela preparação física abaixo do esperado ou por uma “falta de fome” de quem já venceu tudo, a diminuição do ritmo impacta fortemente na maneira de jogar.

Com Jorge Jesus, o Flamengo jogava em alta rotação. Com a bola, tentava ser o mais vertical possível, sempre tentando quebrar as linhas de marcação. Sem ela, pressionava o adversário de maneira incansável.

Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Domenec, apesar das diferenças na construção ofensiva e na valorização da posse de bola, também baseia seu jogo em uma marcação pressão, com as linhas adiantadas. Sem ela, o modelo cai por terra.

Foi que aconteceu na estrondosa goleada para o Independiente del Valle. O Flamengo não conseguiu pressionar a saída de bola dos equatorianos. Somando isso à lenta recomposição defensiva, foi presa fácil para o muito bem organizado time de Miguel Angel Ramirez. 

Talvez a solução passasse por atuar de maneira menos exposta em Quito, mas o problema flamenguista vai além dos 5 a 0. A falta de intensidade impacta no desempenho, inclusive individual dos atletas, algo agravado pelo calendário caótico por conta da pandemia e, principalmente, pela ruptura da filosofia de jogo, consequência da troca de treinador.

Uma mudança desse tamanho tem seus efeitos colaterais, mas o Flamengo segue competitivo. Obviamente precisa de ajustes, mas eles não serão encontrados olhando para o passado. 

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