19/11/2020 08:06:00 - Atualizado em 19/11/2020 09:53:00

"Meu cachorro uivou o gol": Oscar Ulisses conta como é narrar jogos de futebol em casa

André Lucena e Arthur Henrique/RedeTV!

Veterano narrador dá detalhes de como faz as transmissões ao vivo de partidas de futebol no "home office" e admite saudades dos estádios

O narrador da CBN, Oscar Ulisses, contou para o "Novo Normal", da RedeTV!, como está sendo narrar os jogos de futebol pela sua casa em meio à quarentena, que teve início em março deste ano por conta da pandemia do novo coronavírus. Com a volta das transmissões de partidas e campeonatos, o profissional veterano precisou readaptar o trabalho com o home office.

"Com a volta do futebol, nós da CBN estamos fazendo transmissões cada um da sua casa. É uma garantia de segurança. Em casa, tem um mini estúdio montado e narro jogos vendo as imagens que vêm da TV, dos computadores", explica Oscar, que afirma que o período da pandemia foi o "maior da carreira" em que ficou sem narrar jogos de futebol.

Aos 63 anos, o profissional admite que a adaptação foi fácil, visto que a montagem de um estúdio na própria casa por um técnico especializado e a familiaridade com off-tube (transmissão ao vivo no estúdio, mas vendo a imagem da televisão) não trouxeram um grande impacto. "Não é muito aparelho, são pequenos, mas são eficientes e funciona mesmo como se fosse um estúdio", diz.

Contudo, Oscar aponta que a atenção durante o jogo é fundamental. "É só manter um rigor, um ritual pra não deixar escapar a concentração que é um item importante da transmissão. Bola pra frente, está rolando bem", afirma o irmão do também narrador Osmar Santos.

"A [qualidade da] transmissão não perde muito. Eu é que tenho que me esforçar um pouco pra trabalhar com a imaginação de ver o estádio e, lamentavelmente, os estádios vazios porque não tem público e está tudo fechado. Isso também tira um pouco daquele colorido, daquela motivação que o futebol proporciona", desabafa.

Cachorro uivou gol?

"Tenho algumas atrapalhadas e não quero compartilhar nenhuma (risos)", brinca Oscar ao ser questionado sobre situações engraçadas que teria passado ao narrar alguma partida de futebol em casa.

O dono do famoso bordão "pro goool" garante que faz as transmissões home office com a voz "baixinha" e que "não incomoda os vizinhos". Contudo, ele conta que durante a primeira narração feita de casa, o cachorro de estimação dele quase atrapalhou um gol ao vivo.

"Tenho um cachorro grandão, peludo, e muito apegado. Quando narro um jogo, me fecho em um escritório pequenininho e fico sozinho lá dentro. Ele fica na porta e na primeira transmissão que fiz, depois que gritei gol, ele ficou uivando (risos) meio que dando sequência ao gol. Aquele barulho não era comum e ele saiu dando uma uivada", revela Oscar, que brinca ao dizer que o pet parece já ter se acostumado ao "novo normal".

O narrador da CBN, Oscar Ulisses - (Foto: Reprodução)

Saudades dos estádios...

"Transmitir um jogo de futebol em casa também entra nesse escopo da excepcionalidade. Isso daí gera um pouco de desconforto, mas é por conta do momento que nós estamos vivendo e não pelas condições do trabalho", afirma o narrador sobre a sensação de angústia que é narrar os jogos em meio à pandemia. 

"Sempre que fazemos um trabalho fora daquilo que é considerado normal temos uma sensação que mexe um pouco com a gente, que gera uma certa angústia, especialmente por conta do período em que estamos vivendo, com essa pandemia, com esse risco que estamos correndo, com muitas pessoas sendo atingidas por isso. Então todo tipo de trabalho que se faz sempre tem isso como pano de fundo, no mínimo", desabafa.

Com cerca de 50 anos narrando em estádios, Oscar admite que sente saudades das transmissões ao vivo e dentro do campo. "Narrar no estádio é bacana por conta da emoção do jogo. Você tem um contato muito direto com o barulho da torcida, com o clima do jogo, tudo isso afeta na transmissão. É uma ferramenta pra você usar durante a transmissão e é importante. Fora do estádio você perde isso. Então, o esforço é um pouco maior", explica o profissional.

... expectativa da volta

"O que sinto falta é de estar ouvindo aquele barulho da torcida lá pertinho dela e a emoção que o jogo proporciona para os torcedores, para aquela massa que costuma acompanhar os jogos", comenta Oscar, que diz estar ansioso para voltar a narrar nos estádios.


Walter Casagrande, Osmar Santos e Oscar Ulisses durante a transmissão da final Corinthians e Ponte Preta pelo Campeonato Paulista. - (Foto: Guilherme Pradella/Rádio Globo /CBN)

"É mais gostoso, é completo, você sente o clima do jogo. Não é só a narração em si, você entrando no estádio, tendo contato com as pessoas que estão envolvidas no jogo, contato com os amigos de imprensa, com a própria equipe que vai transmitir o jogo com você. É interessante, é importante, você pega informações, se abastece mais emocionalmente", detalha o veterano profissional.

No entanto, apesar da grande expectativa, Oscar admite a preocupação com a pandemia e não pontua quando será o aguardado retorno ao antigo normal. "Imagino que deve acontecer quando a gente tiver uma segurança maior, vacina, ou quando a pandemia estiver sob controle. Não sei quando vai ser isso", conclui.

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