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DESVENDANDO A TECNOLOGIA
Cláudio Boghi é administrador de empresas, analista de sistemas e possui MBA em Tecnologia Educacional. É mestre em administração de empresas e em ciência da tecnologia pela USP. Atua como consultor há mais de 27 anos em tecnologia da informação e em gestão socioambiental.
 
 
postado em 01/07/2020 19h49

O Mundo VUCA e a Gestão Ágil na TI



(Foto: Divulgação)

Ao assistir uma Live sobre “Vantagens de Mindset, em Gestão Ágil”, pelo Conselho Regional de Administração (CRA-SP), me deparei com um termo não muito visto na área acadêmica, o Mundo Vuca.

Partindo desse suposto, resolvi escrever sobre isso, alinhado à Tecnologia da Informação (TI). 

Você sabe o que significa viver num mundo VUCA? O termo soa algo novo, mas a verdade, é que ele representa um cenário altamente complexo que as organizações vivem há décadas – e vão continuar vivendo de forma ainda mais intensa à medida que a tecnologia avança e as exigências do consumidor e do mercado se tornam mais pontuais e específicas.

O termo VUCA nasceu das iniciais das palavras em inglês Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity (em português: volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, respectivamente). O conceito foi empregado pelo U.S Army War College na década de 90 para explicar o mundo no cenário pós-Guerra Fria.

Confira as características do mundo VUCA

Volatilidade

O mercado está em mudança constante e as organizações precisam se reinventar e se adaptar rapidamente aos novos cenários empresariais. Esta capacidade de agilidade é imprescindível para se manter no mercado.

Incerteza

Já a incerteza está sempre presente, mesmo quando existem análises com dados atuais, impedindo previsões seguras de futuros resultados. Contudo, mesmo que a imprevisibilidade dificulte a aplicação de novas soluções em curto prazo, ela precisa ser superada de forma ágil para a tomada de decisões da forma mais acertada possível.  

Complexidade

A natureza mercadológica  por ser interconectada e interdependente, se torna de  difícil previsão. O cenário atual se mostra como um mundo complexo que requer uma visão a partir de múltiplos ângulos, sendo importante contar com equipes colaborativas  capazes de prever novas tendências e possibilidades para a tomada de decisões de negócios em diferentes ambientes empresariais com novos resultados.
Ambiguidade
Já a ambiguidade permite diferentes interpretações, o que pode favorecer à falta de clareza e a capacidade de encontrar uma solução ágil ao analisar certo acontecimento. Nesse caso, é comum fatores como imprecisão, indecisão ou hesitação. Para não comprometer o resultado desejado, é necessário basear-se em experiências anteriores, ser criativo, inovador, possuir um, ou mais planos subsequentes, revendo, sobretudo, a missão, a visão e os valores da empresa.

Mudança de mindset 

Mindset é um termo muito usado nas organizações que significa certas condutas para alcançar metas e aumentar o desempenho do negócio. A mudança de mindset se faz necessária, muitas vezes, quando metas não são alcançadas. Em Governança de TI, em que os negócios devem estar alinhados à TI, os CIOs precisam estar atentos às mudanças de mindset junto ao pessoal do alto escalão para evitar problemas, como, por exemplo, em decorrência da pandemia da Covid-19.

Na década de 90 citada acima, programadores se depararam com restrições nos projetos de softwares cujo escopo apresentavam mudanças constantes quanto a prazos (tempo) ultrapassados, altíssimos custos e insatisfações de clientes.

Como se deparar num cenário desse, na área de TI, no final do século XX e começo do século XXI?  Qual foi a saída na época? O que fazer com o mundo VUCA?

Uma saída foi se adaptar, de forma ágil, aos processos de colaboração, aprender rápido, buscar desafios e gerar mais valor agregado ao cliente, por meio do Manifesto Ágil, criado em fevereiro de 2001, com métodos ágeis como XP, Scrum, FDD, entre outros.

Isso significa que, na realidade atual, algumas empresas precisam sair dos processos prescritivos que representam ambientes controlados e rígidos e migrar para os processos empíricos, que são ambientes ágeis e simultâneos que envolvem Planejamento, Execução, Verificação e Ação, também conhecidos como melhoria contínua, ciclo PDCA. Esses processos empíricos procuram se adequar em conformidade ao que possuem no momento.

Nos últimos anos, os Chiefs Information Officers (CIOs) tiveram de aprender a lidar com novas funções e demandas criadas pela Transformação Digital, orientando ações para melhoria operacional e redução de custos por meio da adoção de inovações tecnológicas e metodologias ágeis.
Toda essa gama de tarefas exigem competências que vão muito além do conhecimento sólido em tecnologia. É com essa premissa que as análises em torno do VUCA estão ganhando maior destaque.

Os CIOs, assim como o pessoal do alto escalão, precisam mudar a cultura empresarial para chegar à transformação ágil. O quadro abaixo, mostra bem, o que de fato as empresas precisam alterar na sua cultura.


Sendo assim, para que a mudança de cultura ocorra (explicado acima), é necessária que seja implantada a seguinte transformação ágil:





Para ser ágil, o ambiente empresarial e seus colaboradores precisam mudar. É o caso do que vem acontecendo por conta deste período de pandemia, em que é necessária uma readaptação imediata no ambiente de trabalho, pois caso isso não ocorra, sobretudo quanto à TI, os colaboradores não trabalharão em home-office com eficiência. Neste caso e em outros aspectos, se faz necessária a inserção dos quatro valores do Manifesto Ágil, que em termos de nível de importância, são:

1) Indivíduos e interações - mais que processos e ferramentas;
2) Software em funcionamento - mais que documentação abrangente;
3) Colaboração com o cliente - mais que negociação de contratos;
4) Responde a mudanças - mais que seguir um plano;
Ou seja, os itens à esquerda ganham mais importância e valor em relação aos itens à direita.

Baseado no que foi escrito acima, os CIOs e suas equipes precisam inserir e usufruir de novas metodologias ágeis, não necessariamente todas, que são: Scrum, XP, OKRs Lean, Kanban, Design Thinks, DevOps, Fdd entre outras e também metodologias de abordagem de escala, onde se tem muita gente, como: SAFe, ScrumScale, LeSS, DAD, Nexus e outras.

Uma dica seria começar pelo Scrum, a mais usada, e com o tempo, procurar conhecer outras opções.
Para finalizar, concluímos que, o Manifesto Ágil representa um grande marco na indústria de desenvolvimento de software, pois é por meio dele que é possível mudar toda uma cultura de construção de software.

Até a próxima!





Veja mais informações no canal do Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=oStfBC39gps
 

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