Para entender o que é radiação ultravioleta, é preciso lembrar das aulas de física, quando aprendemos que a luz é uma onda. A luz ultravioleta (UV) é a luz invisível aos seres humanos, pois seus comprimentos de onda estão abaixo da luz visível como aprendemos no tempo do ensino médio.
A luz UV é caracterizada por abranger os comprimentos de onda abaixo da luz visível, isto é, varia de 400 a 200 nm (nanômetros) e ainda é subdividida em três tipos: UV-A, UV-B e UV-C. A radiação UV-A compreende a faixa de 400 a 320 nm, a UV-B de 320 a 280 nm e a UV-C de 280 a 200 nm. Um nanômetro (nm) é uma unidade de medida que equivale a um bilionésimo de um metro. Para entendermos melhor, a figura abaixo ilustra bem os tipos de luz UV que temos.
Fonte: Universidade Estadual Paulista – UNESP, Rio Claro – SP
Essas radiações são responsáveis por causar danos biológicos aos seres humanos. A radiação UV-A é a mais abundante e pode gerar vários problemas a nossa pele, se ficarmos muito tempo expostos ao Sol. Já a radiação UV-B chega até nós em menor quantidade, pois a maior parte desses raios é absorvida pela camada de ozônio. Por fim, a radiação UV-C é a mais potencialmente danosa, pois tem a capacidade de destruir não só o RNA do SARS-CoV2, mas também o DNA, portanto, a principal radiação que causa o efeito germicida. Graças a camada de ozônio, a UV-C é absorvida pela mesma não chegando até nós, seres humanos.
Um estudo publicado em 2004, no Journal of Virological Methods nos Estados Unidos, pelos pesquisadores Miriam ER Darnell, Kanta Subbarao, Stephen M. Feinstone e Deborah R. Taylor sobre a síndrome respiratória aguda grave (SARS), doença com risco de vida causada por um novo coronavírus denominado SARS-CoV, nos mostrou a eficiência da luz UV-C, já naquela época, na inativação do vírus. Sendo assim, pesquisadores, inclusive no Brasil, tem estudado e construído equipamentos para esterilizar, por exemplo, superfícies como mesas, pisos, tetos e paredes hospitalares e clínicas odontológicas, entre outros. Cabe ressaltar, que a luz UV-C hoje, já está sendo fabricada com lâmpada de LED para evitar gás ozônio como resíduo.
Recentemente, na cidade de São Carlos, em São Paulo, desenvolveu o Surface UV no Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), sob a supervisão do Prof. Dr. Vanderlei Bagnato. Trata-se de um rodo, em dois tamanhos – um para mesas e outro para o chão. A capacidade da luz ultravioleta UV-C destruir qualquer bactéria, fungo ou vírus - incluindo a COVID-19 - que se aloje em qualquer superfície.
Contudo, é necessário salientar que esta luz não pode incidir diretamente nas pessoas e/ou animais. O equipamento foi doado à Santa Casa da Misericórdia de São Carlos como esforço para combater o Coronavírus, descontaminando os pisos do hospital para evitar a propagação do vírus pelos calçados. Outra iniciativa neste sentido é a do Governo do Estado de São Paulo, que iniciou testes com um robô que esteriliza os trens do Metrô de São Paulo com radiação ultravioleta (UV).
A ação microbiana de desinfecção UV-C é comprovada cientificamente por pesquisas realizadas em laboratório e em ambiente hospitalar. Os principais objetivos das pesquisas foram avaliar a efetividade da desinfecção UV-C na redução de quantidades conhecidas de bactérias Gram-positiva (Staphylococcus aureus, Streptococcus mutans e Streptococcus pneumoniae), bactérias Gram-negativa (Pseudomonas aeruginosa e duas linhagens de Escherichia coli) e fungo leveduriforme (Candida albicans), além de avaliar a efetividade do dispositivo na redução de microrganismos presentes em diferentes superfícies de um ambiente hospitalar.
A luz UVC é considerada uma tecnologia verde e altamente sustentável, pois traz benefícios ambientais por diminuir o uso de produtos químicos altamente tóxicos para a população e meio ambiente.
Portanto, usar lâmpadas emissores de UVC é uma solução inteligente e com eficácia comprovada na desinfecção de ambientes. Por se tratar de um processo físico, a incidência da luz UVC apresenta vantagens em relação a outros métodos. O processo é a frio, a seco, simples e efetivo, e não gera qualquer tipo de resíduo.
Agora é torcer para novas invenções com UVC.
Até a próxima!
Fontes:
UNESP, Rio Claro - SP:
http://www.rc.unesp.br/showdefisica/99_Explor_Eletrizacao/paginas%20htmls/Ondas%20eletromag.htm#Ondas_ultravioleta_(UV)_
Revista de Métodos Virológicos: Inativação do coronavírus que induz síndrome respiratória aguda grave, SARS-CoV. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7112912/
Cristiane Tavolaro: https://spotsci.com/2020/04/20/a-covid-19-e-os-esterilizadores-de-ambientes-uvc/
Veritas: https://www.veritasbio.com.br/produtos/esterilizador-saved-20-macam-tech/
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