Aloysio Nunes nega saída do governo e diz que Aécio ainda é presidente do PSDB
Aécio foi citado pelo empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, na delação premiada homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin. Segundo o jornal O Globo, que afirma ter tido acesso ao depoimento de Joesley, o delator contou aos procuradores que Aécio lhe pediu R$ 2 milhões para pagar despesas com sua defesa na Operação Lava Jato. Nesta quinta-feira, Fachin negou o pedido de prisão preventivas do senador, mas determinou o afastamento dele do mandato.
Segundo Nunes, a saída de Aécio da presidência do PSDB sequer foi discutida na reunião e caberá ao senador a decisão de licenciar-se ou não. "Esta é uma prerrogativa do senador Aécio Neves, é uma prerrogativa inclusive regimental dele de, no caso de licenciar-se, indicar seu substituto", disse. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que participou do encontro na casa de Aécio, foi sugerido pela bancada do partido na Câmara para assumir a presidência do PSDB caso o senador deixe o posto.
Aloysio Nunes negou também que o partido vá deixar a base do governo e entregar seus cargos. Ele afirmou que continua ministro. "Nós esperamos um esclarecimento desta situação. Por enquanto, nós não temos sequer o conhecimento dos áudios e dos vídeos. É preciso que isso venha a público. Por enquanto, o que nós temos são fragmentos, transcrições e eu penso que essa questão não pode continuar assim. É preciso que o STF libere, o quanto antes, para que nós possamos ter a inteireza de todas as informações", disse.
Fachin decidiu hoje abrir inquérito para investigar o presidente Michel Temer. A medida foi tomada a partir das delações premiadas dos empresários Joesley Batista e Wesley Batista, donos do grupo JBS. Segundo reportagem do jornal O Globo, em encontro gravado em áudio pelo empresário Joesley Batista, Temer teria sugerido que se mantivesse pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro para que estes ficassem em silêncio.
Solidariedade
Além de Nunes e Sampaio, participaram do encontro na casa de Aécio os senadores tucanos Cássio Cunha Lima (PB), Antonio Anastasia (MG), José Serra (SP) e Paulo Bauer (SC). Eles disseram que foram prestar solidariedade ao senador. "Viemos prestar nossa solidariedade e confiança nele, com a certeza de que ele vai demonstrar fatalmente a lisura de suas ações. Estamos chocados com a violência de algumas medidas que foram tomadas, como por exemplo a prisão de sua irmã [Andrea Neves] e o senador vai recorrer de todas as medidas que foram tomadas contra ele", disse Nunes
Câmara
Na manhã de hoje (18), a bancada do PSDB da Câmara se reuniu no gabinete da liderança do partido para discutir a repercussão das denúncias veiculadas contra Aécio Neves.Segundo o líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), durante a reunião a bancada decidiu indicar o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) para ocupar interinamente o cargo de presidente do partido, se Aécio pedir licença do cargo.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), reforçou o entendimento de que é preciso ter acesso à “materialidade da investigação” das denúncias apresentadas contra o presidente Michel Temer para que o partido possa se poscionar. Segundo ele, se as denúncias forem confirmadas, o PSDB pode deixar a base do governo. “Se essa investigação vier corroborar, ou seja, vier complementar ou tiver procedimento, a bancada federal do PSDB solicita aos ministros do PSDB que saiam do governo. Esta foi a decisão da bancada do PSDB. Acredito que é a decisão mais acertada.”, relatou.
Sobre a proposta de o Congresso Nacional aprovar uma emenda à Constituição que permita a convocação de eleições diretas em caso de vacância do cargo da presidência da República, o deputado Trípoli disse que o partido defende a manutenção da Constituição. Pelas legislação atual, se o presidente da Republica renúncia ou é declarado impedido, o Congresso deve convocar eleições indiretas para eleger um presidente interino.