Mãe diz que filho de 7 anos não é trans ou gay, "mas é recebido como se fosse"
A jornalista Carol Patrocínio virou um símbolo na luta pela igualdade de gênero na internet e chamou atenção por conta dos posts que compartilha com seu filho Chico, de 7 anos. De acordo com ela, a criança tem liberdade de usa a roupa que quiser, sem se importar com as convenções de gênero.
Em uma publicação no Facebook nesta quinta-feira (15), a jornalista, comentou sobre a atitude que seu filho de sete anos teve ao perceber que não se sente confortável usando os banheiros convencionais na escola.
"Chico não é uma criança trans ou gay - ele tem 7 anos, mores, pelamor - mas ele é recebido pelas pessoas como se fosse, então vive as mesmas coisas que pessoas trans e gays. A gente precisa, com urgência, falar sobre gênero nas escolas. A gente precisa contar pra crianças que todo mundo é diferente, único e merece respeito. A gente precisa salvar a vida e a dignidade de um monte de crianças que não é tão articulada quanto o Chico e não têm uma diretora como a Ana na escola", escreveu ela.
Em entrevista para o portal da RedeTV!, Carol foi mais a fundo na questão: "A gente diz que meninas e meninos são diferentes, fortalece papeis sociais que excluem meninas de diversas áreas e obrigam meninos a agirem a partir de uma masculinidade tóxica. Isso tudo existe e a gente nem se dá conta porque é o que temos visto na sociedade há muito tempo".
Para ela, a forma como a sociedade enxerga a questão de gênero pode ser prejudicial para o desenvolvimetno da criança, por isso a jornalista propõe algumas mudanças na educação escolar: "Tudo depende, é claro, da idade dos estudantes, mas para todos eles podem falar sobre diferenças biológicas, pressões sociais e divisões que não precisam existir. A gente pode falar sobre história, sobre outras organizações sociais e diferentes maneiras de se viver. Para que isso aconteça a gente precisa tirar a religião das escolas e inserir filosofia e sociologia".
Em seu canal no YouTube, ela explica que seu filho "é um menino que usa vestido". Assista ao vídeo:
Polêmica nas universidades
Um exemplo dessas mudanças conteceu em agosto de 2017, quando a PUC São Paulo se envolveu em uma polêmica após instalar, em uma de suas unidades, um banheiro unissex. A universidade disse na época que a intenção era do local ser um ambiente que pode ser frequentado por todos sem, discriminação.
Carol Patrocínio também comenta sua visão sobre o caso: "Em escolas infantis as crianças usam o mesmo banheiro. Ao passar para o ensino fundamental isso muda. Qual a necessidade? Se uma criança é ensinada desde sempre que deve utilizar o banheiro sozinha, que não pode invadir o espaço do outro, que deve manter a ordem dentro daquele espaço, qual o perigo dela usar um banheiro misto? O banheiro unissex da PUC foi um avanço incrível, mas ações assim precisam sempre existir em paralelo com a educação”.
A jornalista ainda se diz pessimistra sobre o futuro: "Crianças são esponjas e hoje as estamos alimentando com ódio. Não tem como o futuro dar certo".
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