Da fábrica aos gramados: conheça o tradicional Cruz Azul
Com modelo único, time pertence aos trabalhadores da empresa
Cruz Azul tenta nesta temporada seu nono título da Liga MX (Foto: Divulgação/Cruz Azul)
O futebol, apesar de sua origem aristocrática, não demorou para se tornar um esporte popular. Não foram poucos os clubes que surgiram entre os operários, muitas vezes incentivados pelas próprias fábricas.
Mais do que uma ferramenta de recreação, o futebol ajudava na construção de uma conexão sócio-cultural entre os envolvidos.
Neste cenário, o Cruz Azul, que você assiste na tela da RedeTV! neste sábado, à partir das 16h, no compacto do duelo com o Toluca, foi além e não se limitou a ter jogadores ou torcedores da classe trabalhadora. O clube mexicano pertence aos trabalhadores.
Para entender melhor essa relação é preciso voltar ao ano de 1927, quando os funcionários da Empresa de Cimentos Cruz Azul criaram um clube, com o apoio da fábrica, para a disputa de competições amadoras.
Quatro anos depois, afetada pela Crise de 1929, a companhia foi vendida para um grupo concorrente, em um negócio que pouco depois foi considerado ilegal pelo governo do estado de Hidalgo, aonde fica a sede da empresa. Diante do litígio entre funcionários e novos patrões, a justiça local deu ganho aos trabalhadores, que passaram a ser os donos da Cruz Azul, nascendo ali uma cooperativa que existe até os dias de hoje.
Como uma cooperativa, as grandes decisões são tomadas em assembléias envolvendo os funcionários, entre elas a escolha pela profissionalização do time de futebol em 1961, após mais de três décadas atuando com sucesso no amadorismo.
Foram necessários apenas três anos jogando a segunda divisão para conseguir o acesso à elite. Desde então, o clube da Cidade do México se popularizou, tendo hoje a terceira maior torcida do futebol mexicano, atrás do rival América e do Chivas Guadalajara.
Clube conquistou a "ConcaChampions" pela última vez em 2014 (Foto: Divulgação/Cruz Azul)
Dentro de campo é o maior vencedor da Liga dos Campeões da CONCACAF (A Libertadores das Américas do Norte e Central, além do Caribe), ao lado do América, com seis títulos. Também venceu o Mexicano em oito oportunidades, além de ter sido o primeiro time do país a disputar uma final de Libertadores, quando perdeu para o Boca Juniors em 2001.
Modelo de gestão foge do padrão mexicano
Apesar de não existir uma obrigação legal, todos os clubes da Liga MX são empresas, podendo ter um grupo ou um indivíduo como dono.
Existem casos curiosos, como empresas que são donas de mais de um time. Santos Laguna e Atlás, por exemplo, pertencem ao Grupo Orlegi. Há também o Grupo Pachuca, que além de ser dono do próprio Pachuca também tem participação no León e no Everton, clube da primeira divisão chilena.
Outro exemplo raro é ter emissoras de televisão como donas de clubes, algo proibido em países como a Inglaterra, por exemplo. Enquanto o América pertence à Televisa, a TV Azteca tem participação no Atlás.
Diante de tal cenário, o Cruz Azul apresenta um modelo de gestão único para os padrões mexicanos, sendo o que mais se aproxima, apesar de algumas diferenças, do formato associativo encontrado na grande maioria dos clubes brasileiros.
Futebol é na RedeTV!
Em acordo firmado com o serviço de streaming DAZN, a RedeTV! transmite os jogos do Campeonato Italiano, Copa Sul-Americana, Campeonato Turco e Campeonato Mexicano.