'Vem pra Rua' passa a ver impeachment como factível
Gabriel Manzano/Agência EstadoCriado no final do ano passado, o "Vem pra Rua" destacou-se nos recentes protestos de rua defendendo o "Fora Dilma" mas entendendo - até a semana passada - que "por enquanto" não via razões legais para o impeachment (da presidente)". Essa posição vinha sendo cobrada por vários outros grupos.
Um dos motivos para se incluir o impeachment, agora, como perspectiva concreta - segundo o empresário - é a movimentação do governo em favor dos acordos de leniência que vêm sendo negociados com empresas envolvidas em casos de corrupção. "Já foram aprovados cinco, e temos vários pedidos novos em andamento", afirmou. Chequer ressalta que não é advogado e que não tem "competência nem a função" para entrar no mérito jurídico do problema e que o impeachment não é a "causa central" do movimento. Mas admite ter ouvido muitas análises de estudiosos que consideram a instrução 74 da Advocacia Geral da União (AGU) - que trata das condições para os acordos de leniência - uma invasão do Executivo sobre áreas de competência do Judiciário.
'Plano'
"Não podemos ficar calados diante disso. O que parecia um plano iniciado no Executivo, interferido no Judiciário, invadindo a AGU, passado pelo TCU e aterrissado na Controladoria-Geral (CGU) começa a se deflagrar", explicou.
Ele diz não estar sozinho nessa percepção. Menciona "outras iniciativas" de advogados e de partidos políticos, como o PPS - cujo deputado Raul Jungmann (PE) pediu ao Supremo Tribunal Federal uma avaliação sobre a constitucionalidade dos acordos de leniência. "Cresce a ideia de que se consiga pelo menos uma investigação sobre o papel da presidente nisso tudo", resumiu Chequer.
Ele diz não ter medo de que esse gesto seja visto como um passo à direita e, assim, prejudique a imagem do grupo. "Não é radicalização, de modo algum. Não estamos fechando o foco, continuamos com todas as outras demandas - por ética na política, por cidadania, por um basta à corrupção e à má gestão dos recursos públicos", concluiu.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.