26/08/2016 13:32:00 - Atualizado em 26/08/2016 13:49:00

Renan Calheiros se exalta e discute com Gleisi Hoffmann durante sessão

2016-08-26 16:25:45 GMT+00:00 - Reuters

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, suspendeu nesta sexta-feira a sessão do impeachment após um intenso bate-boca entre senadores, incluindo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Lewandowski já havia desligado os microfones de senadores que discutiam --Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Lindbergh Farias (PT-RJ)-- e alertou que usaria seu poder de polícia para pedir "respeito mútuo'', chegando a suspender a sessão por alguns instantes.

Logo após essa primeira interrupção, Renan desceu ao plenário e pediu o microfone, inicialmente usou o tom conciliatório para pedir calma aos colegas, mas acabou se exaltando.

''Esse confronto político não acrescenta nada, absolutamente, nem para um lado, nem para o outro... Se continuarmos dessa forma, teremos que cancelar o depoimento da presidente da República que acontecerá na segunda-feira'', disse Renan, que já havia concluído sua fala, quando decidiu retornar ao microfone.

A partir desse ponto, o presidente do Senado saiu da linha ''paz e amor'' e, já com a voz alterada, endureceu o discurso, tendo como alvo a senadora Gleisi Hoffamnn (PT-PR).

''Ontem, a senadora Gleisi chegou ao cúmulo, chegou ao cúmulo, de dizer aqui para todo o país que o Senado Federal não tinha moral para julgar a presidente da República. Como uma senadora.... como uma senadora pode fazer uma declaração dessa, exatamente uma senadora que conseguiu há 30 dias que o presidente do Senado Federal conseguisse no Supremo Tribunal Federal desfazer o seu indiciamento e do seu marido'', atacou.

O marido da senadora, o ex-ministro dos governos de Dilma e Lula Paulo Bernardo foi preso no fim de junho na operação Custo Brasil, um desdobramento da Lava Jato.

Diante da confusão generalizada que se instalou, com colegas entrando em campo para o coro do ''deixa disso', Lewandowski suspendeu a sessão, que foi retomada pouco depois das 13h.

A assessoria do STF informou que não comenta a declaração de Renan. O presidente do Senado deve divulgar nota explicando a declaração. Segundo um aliado, Renan teria se referido à atuação na Suprema Corte como uma questão institucional do Senado, de defender um de seus integrantes.

Ambos permaneceram alguns minutos no plenário após a suspensão e, cercados de colegas, chegaram a trocar palavras inaudíveis da tribuna de imprensa.

A manifestação de Renan, que até então tentava construir postura de isenção, surpreendeu. Renan não votou nas deliberações anteriores do processo do impeachment.

Segundo um aliado, a fala de Renan é resultado de um ''festival de provocações''.

''O que eles querem é tumultuar, emocionalizar um processo que tem que ser movido pela razão, por argumentos que vão levar à consolidação de votos'', afirmou a fonte.

Outra estratégia já adotada por senadores favoráveis ao impeachment é abrir mão de fazer perguntas às testemunhas de defesa.

O segundo dia de julgamento do impeachment de Dilma é dedicado à oitiva das testemunhas da defesa, mas a primeira delas, o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutor em economia Luiz Gonzaga Belluzzo, muito próximo da presidente, nem havia começado seu depoimento no início da tarde.

Os governistas têm pressa na conclusão do julgamento, já que Temer vai para a China na semana que vem para participar de cúpula do G20 e quer viajar já como presidente efetivo.

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