Metade da Comissão que analisa a reforma da Previdência na Câmara é contra idade mínima, diz jornal

O jornal Folha de S. Paulo realizou um levantamento e apurou que 18 dos 36 integrantes da Comissão Especial que analisa a proposta de reforma da Previdência é contrária à fixação da idade mínima de 65 anos para a obtenção do benefício, como deseja o presidente Michel Temer. A publicação afirma, ainda, que a maioria dos deputados que compõem a Comissão tem outros pontos de discordância da proposta em análise na Casa.

O jornal lembra que a idade mínima de 65 anos é um dos pilares da reforma previdenciária desejada pelo Planalto, pois seria aplicada a todos os trabalhadores do Brasil e impossibilitaria a obtenção precoce do benefício. 

Mas a idade mínima não seria o único ponto que estaria causando a resistência dos deputados. Além disso, no grupo de "rebeldes" estariam, inclusive, deputados da base governista e até do partido a que pertence o presidente, o PMDB. O PSDB, principal aliado do Planalto, também teria demonstrado interesse de mexer na proposta de Temer. A Folha garante ter ouvido 35 dos 36 integrantes da Comissão e, segundo levantou, 34 deles desejariam fazer alterações no texto.

Confira alguns dos pontos de discordância entre os deputados e o Planalto. 

Muitos deputados seriam radicalmente contrários à desvinculação da aposentadoria do salário mínimo, pois na proposta apresentada por Temer o valor do benefício seria reduzido e a idade mínima para alcançá-lo aumentaria.

A regra de trasição, que beneficiaria apenas mulheres com mais de 45 anos e homens com mais de 50 é outro ponto que teria pouquíssimo eco na Comissão. Só sete, dos 35 parlamentares ouvidos pela Folha teriam se mostrado favoráveis. Esse ponto, inclusive, deve ser alterado pelo relator do projeto, o deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA). 

Outro ponto relevante da proposta também aponta para dificuldades do governo. Dos 35 deputados consultados, 22 se mostraram contrários à unificação de regras para homens e mulheres e, para justificar, apontaram as diferenças existentes no mercado de trabalho entre os gêneros. Só uma mulher faz parte da comissão que avalia a proposta de reforma da Previdência apresentada pelo Governo. 

A fórmula que que obrigaria os trabalhadores a somarem 49 anos de contribuição para poderem acessar o benefício integralmente encontra contrariedade em 25 deputados. 

O relator do projeto de reforma da Previdênciana na Comissão Especial da Câmara promete apresentar seu parecer na última semana de março e, então, submetê-lo à votação do colegiado para que possa ser encaminhado para o plenário, onde precisará da aprovação de 308 dos 513 deputados dederais.