07/09/2017 17:52:00 - Atualizado em 07/09/2017 17:52:00

Lula estaria "decepcionado" com Antonio Palocci, diz jornal

Redação/RedeTV! com Agência Brasil


(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva teria dito a pessoas próximas que está “decepcionado” com Antonio Palocci. A informação é do jornal Folha de S. Paulo, que relata que o petista teria reclamado de alguns termos usados pelo ex-ministro durante depoimento concedido ao juiz federal Sérgio Moro na quarta-feira (6).

De acordo com a publicação, Lula teria se queixado de termos ditos por Palocci, como “propina” e “pacto de sangue”. O ex-presidente também sinalizou que, apesar da delação do ex-ministro, pretende dar prosseguimento à sua agenda política, com viagens pelo Brasil.

O depoimento

Palocci prestou depoimento na quarta e falou sobre uma espécie de “pacto de sangue” envolvendo o Partido dos Trabalhadores e a empreiteira Odebrecht. O elo teria sido firmado durante os governos de Dilma e Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o ex-ministro, a Odebrecht adquiriu um apartamento em São Bernardo do Campo para o ex-presidente Lula e um terreno para a construção do Instituto Lula, como compensação pelas vantagens que a empresa recebeu durante seu governo.

“Eu queria dizer, a princípio, que a denúncia procede. Os fatos narrados nela são verdadeiros. Eu diria apenas que os fatos narrados nessa denúncia dizem respeito a um capítulo de um livro ainda maior de um relacionamento da Odebrecht com o governo do ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma, que foi uma relação bastante intensa, bastante movida a vantagens dirigidas à empresa, a propinas pagas pela Odebrecht para agentes públicos em forma de doação de campanha, em forma de benefícios pessoais, em forma de caixa 1 e caixa 2”, disse Palocci ao iniciar o depoimento. “E eu tenho conhecimento porque participei de boa parte desses entendimentos na qualidade de ministro da Fazenda do presidente Lula e ministro da Casa Civil da presidente Dilma”.

O ex-ministro detalhou, ainda, como as diretorias da Petrobras foram divididas entre os três principais partidos que compunham o governo durante as administrações petistas. “Na Diretoria de Serviços, [ficou] o PT, na Diretoria Internacional, o PMDB, e na Diretoria de Abastecimento, o PP. Desenvolveu-se uma relação de intenso financiamento partidário de políticos, pessoas, empresas. Esse foi um ilícito crescente na Petrobras, até porque as obras cresceram muito e, com elas, os ilícitos”, disse.

Palocci também disse a Moro que conversava com Lula sobre essas relações. Ele narrou como foi questionado pelo ex-presidente em 2007 se estaria havendo “muita corrupção” nas diretorias de Serviços e de Abastecimento.

Segundo o ex-ministro, a Odebrecht repassou R$ 4 milhões em espécie ao Instituto Lula como propina. Palocci disse ainda que a empreiteira havia disponibilizado uma reserva de R$ 300 milhões em propina ao PT, e que o ex-presidente sabia se tratar de “dinheiro sujo”.

Antônio Palocci contou que havia uma desconfiança da Odebrecht quanto à eleição da ex-presidente Dilma Rousseff. Ele narrou uma reunião que teria ocorrido no dia 30 de dezembro de 2010 entre Lula e Emílio Odebrecht, dono da empreiteira.

“Nessa reunião, o presidente Lula leva Dilma, presidente eleita, para que ele diga a ela das relações que ele tinha com a Odebrecht e que ele queria que ela preservasse o conjunto daquelas relações em todos os seus aspectos, lícitos e ilícitos”, contou o ex-ministro. Ele disse que não estava na reunião, mas que ficou sabendo dela através de Lula.

Em seguida, Palocci disse que a Odebrecht foi beneficiada durante o governo Dilma em algumas situações. A pedido do juiz Sérgio Moro, o ex-ministro citou como exemplo que a empreiteira desejava assumir a administração de um aeroporto de grande porte e havia perdido as licitações para concessão dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília. Segundo ele, a licitação do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, foi direcionada para que a empreiteira vencesse o certame. “Havia uma cláusula que impedia o vencedor da licitação de Cumbica de participar da licitação do Galeão em condições livres. Isso foi colocado por solicitação da Odebrecht”, contou.

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