Lava Jato: Polícia Federal prende presidente licenciado da Eletronuclear
Reuters com Redação/RedeTV!A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira (28) o presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, em ofensiva que marca a chegada formal da operação Lava Jato ao setor elétrico.
De acordo com a PF, a investigação da 16ª fase, batizada como "Radioatividade", se concentra em contratos firmados por empresas já mencionadas na Lava Jato com a Eletronuclear, subsidiária da estatal federal Eletrobras
Além das duas prisões temporárias, a PF realizava cinco conduções coercitivas, de um total de 30 mandados judiciais da 16ª fase da Lava Jato nas cidades de Brasília, Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo e Barueri.
"É um primeiro passo dentro da investigação (Lava Jato) na área de energia", disse a jornalistas o delegado da PF Igor Romário de Paula em entrevista coletiva em Curitiba, onde estão concentradas as investigações da Lava Jato.
Segundo o procurador Athayde Ribeiro Costa, da força-tarefa da Lava Jato, "há indicativos de que a corrupção se espalhou para muitos órgãos da administração e de entidades da administração pública".
"A corrupção é endêmica e estamos em processo de metástase", afirmou o procurador.
O Ministério Público Federal acredita haver indícios de que a Andrade Gutierrez e a Engevix passaram valores de vantagens indevidas por meio de intermediárias para empresas de propriedade do então presidente da Eletronuclear.
ANGRA 3
A Lava Jato revelou inicialmente um esquema de corrupção bilionário de sobrepreço em obras da Petrobras
Os investigadores já vinham afirmando que existiam indícios de irregularidades em contratos de outras estatais, mas é a primeira vez que uma fase da Lava Jato se concentra fora da Petrobras e dentro do setor elétrico.
A investigação mais recente da Lava Jato inclui o consórcio Angramon, contratado em setembro de 2014 pela Eletronuclear para executar a montagem eletromecânica da usina nuclear de Angra 3, e a Engevix, entre outras sociedades.
As companhias que integram a Angramon são UTC Engenharia (empresa líder), Construtora Norberto Odebrecht, Construtora Andrade Gutierrez, Construtora e Comércio Carmago Corrêa, Construtora Queiroz Galvão, Empresa Brasileira de Engenharia (EBE) e Techint Engenharia e Construção.
A Andrade Gutierrez disse que está acompanhando a nova fase da Lava Jato e seus advogados estão analisando os termos da ação da Polícia Federal para se pronunciar.
A nova etapa da operação acontece depois que o presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, disse em delação premiada na semana passada no âmbito da Lava Jato que empreiteiras, incluindo sua empresa e a Odebrecht, fizeram reuniões para discutir o pagamento de propinas a dirigentes da Eletrobras em agosto de 2014, quando as investigações já estavam em andamento e eram públicas.
Perguntado se há envolvimento de políticos na mais recente investigação, o procurador Costa disse que a 16ª fase da Lava Jato esteve concentrada no presidente afastado da Eletronuclear. Ele se recusou a comentar sobre novos desdobramentos para o setor elétrico dentro da Lava Jato, quando questionado sobre suposta irregularidade na usina hidrelétrica Belo Monte.