03/05/2017 17:03:00 - Atualizado em 03/05/2017 17:34:00

Ex-mulher acusa Marcelo Freixo de calúnia e machismo: "Senti-me acuada"

Redação/RedeTV!

Foto: Reprodução/Facebook

Separada desde dezembro de 2016 do deputado estadual pelo PSOL do Rio de Janeiro Marcelo Freixo, a cirurgiã-dentista Priscilla Soares usou as redes sociais no último final de semana para acusar o ex-marido e seus colegas de partido de a ter caluniado. Em sua conta do Instagram, Priscilla afirmou que Freixo, que concorreu no segundo turno com Crivella pela prefeitura da capital fluminense, tomou atitudes machistas contra ela.

"Senti-me acuada por um período longo desde o término do meu relacionamento de dois anos e meio com o deputado Marcelo Freixo, passei a ser caluniada, supostamente, por ele e seus companheiros de partido, o clã dos esquerdo-machos", escreveu Soares na publicação, que pouco tempo depois foi tirada do ar.

Priscila afirmou ainda que o deputado a acusou de infidelidade e de a ter colocado como louca. "Passei anos me dedicando a uma relação de exposição, de julgamentos, e ao fim recebi o título de infiel. Sim, caras amigas, ele determinou como justificativa para o fim do relacionamento traições minhas", escreveu.

Na postagem, Soares reafirmou a importância de denunciar casos de machismo: "O silêncio pode ser opressor. É violento. Tenho me afastado desse cenário de falsas relações e afetos desde então, mas continuo sendo associada ao então deputado Freixo. Sou 'A ex mulher' entre tantas. Nunca fui mulher de ninguém, nem carne de açougue para ter moscas rondando (como ele gostava de falar em tom jocoso), eu sempre fui Priscilla."

Fonte ligadas ao deputado revelaram ao Portal RedeTV! que a decisão de tirar o texto do ar partiu da própria Priscilla, que se assustou com a repercussão e não quis que a história tomasse tons sensacionalistas. 

O outro lado

Através de sua conta oficial do Facebook, Marcelo Freixo se manifestou na tarde desta quarta-feira (3) sobre o caso e negou que tenha feito comentários caluniosos contra a ex-mulher. "Eu lamento que isso aconteceu. Evidentemente não fui eu que fiz qualquer comentário. Eu continuo tratando com respeito e cuidado que sempre tive", escreveu.

"Foi com as mulheres com quem eu sempre convivi e trabalhei que aprendi que todo homem é machista. De uma forma ou de outra, mais silenciosa, sutil ou até violenta fisicamente, todos desenvolvem relações machistas numa sociedade patriarcal como a nossa. Ninguém de nós foge disso. Agora, isso não precisa ser natural. A gente precisa enfrentar.

A minha relação com a Priscilla, minha ex-companheira, foi uma relação de muito afeto, cuidado e de muito carinho nestes mais de dois anos que nós convivemos. Se alguma pessoa de fora fez algum comentário a cerca das razões do término, agiu de má fé. Certamente não falou a verdade e isso atingiu a Priscilla e atingiu a mim.

Então é importante que neste momento, o seu relato, a sua dor, sejam respeitados, tem que ser ouvidos sim. É legitimo que isso aconteça. Eu lamento que isso aconteceu. Evidentemente não fui eu que fiz qualquer comentário. Eu continuo tratando com respeito e cuidado que sempre tive.

O meu mandato foi um mandato de luta o tempo inteiro. Um mandato que esteve ao lado das lutas mais justas aqui no Rio. E eu quero me colocar à disposição do Setorial de Mulheres do PSOL, que é, sem duvida, um dos fóruns mais legítimos para tratar deste assunto para que a gente possa aprofundar, debater, melhorar, corrigir e qualificar melhor a luta da gente. Mas este é um debate que a gente não que encobrir e esconder. Muito pelo contrário. Eu quero debater com as companheiras e ouvi-las para que a gente possa melhorar e seguir lutando"

Assista ao vídeo publicado pelo deputado: 

Foto: Reprodução/Instagram

Confira o texto publicado na íntegra de Priscilla Soares abaixo:

O medo.

O medo pode levar à resistência, e muitas vezes à luta.

Senti-me acuada por um período longo desde o término do meu relacionamento de dois anos e meio com o deputado Marcelo Freixo, passei a ser caluniada, supostamente, por ele e seus companheiros de partido, o clã dos esquerdo-machos. Um perverso paradoxo político, no sentido de que sem feminismo não há 'esquerda' e sem 'esquerda' não há feminismo.

Passei anos me dedicando a uma relação de exposição, de julgamentos, e ao fim recebi o título de infiel. Sim, caras amigas, ele determinou como justificativa para o fim do relacionamento traições minhas. Tendo em vista o tamanho da dominação a mim direcionada na hierarquia de um casal hétero, ainda sim, ganhei o carimbo de algoz para que ele fosse a vítima.

Ademais sua filha e ex esposa articularam a fama de mulher louca e depressiva na região onde moram. Já discurso mais machista que qualificar uma mulher como louca? Era uma Cidade pequena. Onde tudo circula com rapidez. E logo chegaram aos ouvidos de amigos dos meus pais.

Não houve qualquer cuidado em relação a minha vida, a nossa história, ou ao que por dois anos e meio e duas campanhas me dediquei.

Precisava dizer tudo isso, pois o silêncio pode ser opressor. É violento.

Tenho me afastado desse cenário de falsas relações e afetos desde então, mas continuo sendo associada ao então deputado Freixo. Sou “A ex mulher” entre tantas.

Nunca fui mulher de ninguém, nem carne de açougue para ter moscas rondando (como ele gostava de falar em tom jocoso), eu sempre fui Priscilla.

Estudante de doutorado, cirurgiã-dentista, militante de muitas bandeiras desde muito jovem. De esquerda. De escola pública. De universidades públicas. Atuando em serviço público.

A minha história é de luta todos os dias no cotidiano de trabalho. Seja num plantão na upa ou atendimento na favela.

Aos jovens que ficam sob a lente de outros, busquem vocês mesmos como nossa sociedade se organiza, como é atroz em seu nível de desigualdade e miséria estrutural. Não sejam massa de manobra.

Amanhã é dia de rua. Por todos nós brasileiros e brasileiras.

E a nós, mulheres, sororidade. Luta. Resistência. Denúncia. Vida.

Foto: Reprodução/Facebook

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