31/08/2015 10:27:00 - Atualizado em 31/08/2015 13:05:00

Dirceu se mantém em silêncio durante depoimento na CPI da Petrobras

Agência Câmara de Notícias

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o primeiro a depor na reunião da CPI da Petrobras em Curitiba (PR), foi dispensado depois de se recusar a responder todas as perguntas feitas a respeito de seu suposto envolvimento nas irregularidades na Petrobras.

Na sequência, João Bernardi Filho, funcionário da empresa Saipem, e Otávio Marques de Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, também permaneceram calados e não responderam aos questionamentos dos membros da reunião. O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Zelada, quarto depoente desta segunda-feira (31), também permaneceu em silêncio, assim como Elton Negrão de Azevedo, executivo da empreiteira Andrade Gutierrez, último a ser ouvido.

Ex-ministro calado

“Seguindo orientação de meus advogados, vou permanecer em silêncio”, disse, ao lado de seu advogado, Roberto Podval. O presidente da CPI, deputado Hugo Motta, chegou a oferecer a Dirceu a oportunidade de depor em reunião secreta. O ex-ministro respondeu com a mesma frase.

Apesar de repetir sempre a mesma resposta, os deputados insistiram em perguntar. “Como o senhor conseguiu ganhar quase R$ 30 milhões com sua empresa de consultoria, em um período em que o PIB brasileiro caiu quase 2%?”, perguntou o deputado Bruno Covas (PSDB-SP).

“O senhor é o líder dessa organização criminosa?”, perguntou o deputado Delegado Waldir (PSDB-GO). “O senhor participou de consultorias relativas à venda de ativos da Petrobras na África?”, questionou o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA).

“Por orientação de meus advogados, vou permanecer em silêncio”, respondeu Dirceu a todas as perguntas.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) fez uma defesa dos governos Lula e Dilma na gestão da Petrobras e protestou contra o fato de Dirceu, preso há mais de dez dias, não ter sido ouvido ainda pela Polícia Federal em relação às acusações que pesam sobre ele.

“A Petrobras foi revigorada pelo presidente Lula e pela presidente Dilma. Estamos combatendo a corrupção. Venho aqui dizer que a pessoa que está em investigação e tem o direito constitucional de ficar calada não foi até agora sequer ouvida ainda pela polícia”, disse.

Acusações

O ex-ministro da Casa Civil foi preso quando cumpria pena de 7 anos de prisão em regime domiciliar por envolvimento no mensalão. O Ministério Público suspeita que a empresa de consultoria dele recebeu dinheiro desviado da Petrobras. Ele nega.

Jorge Zelada foi o sucessor de Nestor Cerveró, também preso pela Operação Lava Jato. Ele foi acusado de receber propina pelo ex-gerente de Serviços Pedro Barusco.

E os dois executivos da Andrade Gutierrez vão responder as acusações de que a empreiteira pagou propina a diretores da Petrobras em troca de seis contratos, com valor total de R$ 4 bilhões. Eles e a empresa também negam a acusação.

Até quarta-feira, a CPI pretende ouvir também o presidente da construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e fazer uma acareação entre o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, e o empresário Augusto Mendonça Neto.

Mendonça fez delação premiada e disse que pagou propina para Duque e Vaccari. Os dois negam.

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