04/07/2015 20:07:00

Deputado nega acordo para evitar que CPI convocasse dono da UTC

Beatriz Bulla/Agência Estado
O deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG) negou ter feito acordo para evitar a convocação do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, na CPI que investiga o escândalo de corrupção na Petrobrás. Reportagem da revista Veja aponta que Pessoa realizou doações às campanhas do então líder do PTB no Senado, Gim Argello, e de Delgado para que os parlamentares barrassem a chamada do empreiteiro pela CPI. "Se fosse isso, eu seria um desobediente, pois sou autor do requerimento para ouvir Ricardo Pessoa", afirmou o deputado do PSB, dizendo que "há uma contradição" na história.

Delgado sugere que Pessoa tenha apontado seu nome justamente por ter convocado o empreiteiro para prestar esclarecimentos. "Acho que Ricardo me citou porque o convoquei na CPI", afirmou o parlamentar.

A investigadores da Lava Jato, Pessoa detalhou a realização de doações eleitorais a políticos com recursos oriundos de caixa dois. A campanha de Delgado teria recebido, de acordo com a reportagem da revista, R$ 150 mil da UTC. A delação premiada feita pelo empreiteiro já foi homologada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), mas as revelações feitas permanecem em sigilo.

Apontado como um dos parlamentares que receberam repasses da empreiteira, Júlio Delgado anunciou que irá permanecer na CPI até o depoimento de Ricardo Pessoa e vai deixar a comissão posteriormente. "Eu tinha pedido a todos os suspeitos que saíssem da Petrobrás, mas como sou autor do requerimento que convocou Ricardo Pessoa quero ficar até o dia de ouvi-lo", afirmou.

Ele alega que a doação feita pela UTC foi destinada ao PSB e não à sua candidatura. Os valores, segundo Delgado, foram distribuídos a 16 candidaturas, e a dele não está entre elas. "Fico muito confortado. A conta que ele dá como a que realizou depósito para mim (segundo a Veja) não é minha conta, é do partido", afirmou o deputado.

O ex-senador Gim Argello não retornou ligações da reportagem. Ele teria recebido, segundo a revista, R$ 5 milhões em doação oficial para barrar a convocação de Pessoa na CPI.

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