14/09/2016 19:59:00

Defesa vê "farsa" em denúncia contra Lula, aliados dizem que tentam interditá-lo politicamente

2016-09-14 22:52:23 GMT+00:00 - Reuters

Por Natalia Scalzaretto e Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - A denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentada nesta quarta-feira pela força-tarefa da Lava Jato gerou duras reações dos advogados e de aliados do ex-presidente, que viram motivação política e uma tentativa de impedi-lo de ser novamente candidato à Presidência da República.

Os advogados de Lula classificaram a peça acusatória contra Lula de "farsa lulocêntrica" e disseram, em nota lida nesta quarta, que os procuradores da Lava Jato recorreram a "truques de ilusionismo" ao elaborar as acusações contra o ex-presidente.

"A farsa lulocêntrica criada ataca o Estado Democrático de Direito e a inteligência dos cidadãos brasileiros. Não foi apresentado um único ato praticado por Lula, muito menos uma prova. Desde o início da operação Lava Jato houve uma devassa na vida do ex-presidente. Nada encontraram", disseram os advogados na nota.

"Foi necessário, então, apelar para um discurso farsesco. Construíram uma tese baseada em responsabilidade objetiva, incompatível com o direito penal. O crime do Lula para a Lava Jato é ter sido presidente da República democraticamente eleito."

Em entrevista coletiva para apresentar a denúncia, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, disse que Lula foi o "grande general", o "maestro" e o "comandante" do esquema de corrupção na Petrobras, além de afirmar que o ex-presidente foi o "vértice comum" de vários esquemas de corrupção em vários órgãos públicos.

A defesa de Lula disse que o ex-presidente e a ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, também denunciada nesta quarta, rejeitam veementemente as acusações e negaram que seus clientes tenham cometido quaisquer crimes ou que sejam donos do tríplex no Guarujá.

O advogado Cristiano Zanin também fez fortes críticas a Dallagnol e afirmou que a conduta do coordenador da Lava Jato não condiz com a postura de um procurador da República.

TENTATIVA DE INTERDIÇÃO

A denúncia contra o ex-presidente também repercutiu nos meios políticos, e o presidente do PT, Rui Falcão, divulgou nota em que denunciou uma tentativa de "criminalização" e "interdição" de Lula.

"Se houver um mínimo de Justiça, esta denúncia não deveria ser acatada. Está mais que comprovado que o presidente Lula não é proprietário de apartamento, nunca se beneficiou ilegalmente de nada usando seu cargo. É mais um episódio de perseguição", disse Falcão.

"Este processo não tem provas, em função de delações e acontece com objetivo claro, que nós declaramos desde o início, trata-se de tentar interditar o presidente Lula, que não cometeu nenhum crime, não se beneficiou de nada em sua trajetória, não se beneficiou em nada, não é proprietário de apartamento, não é proprietário de sítio. Insiste-se em atribuir a ele este tipo de ilegalidade.?

Em Brasília, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), vice-líder do partido na Câmara dos Deputados, também fez duras críticas à atuação do Ministério Público Federal e afirmou que a denúncia contra Lula foi apresentada com "pirotecnia" pela força-tarefa da Lava Jato.

"Nós assistimos hoje uma demonstração inequívoca da perda de qualquer liturgia de qualquer isenção por parte de setores do Ministério Público Federal que definitivamente se assumem no país como um partido político, parte de uma estratégia política cujo um dos objetivos principais é a tentativa de criminalização do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e a criminalização do Partido dos Trabalhadores", disse.

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