27/05/2015 21:00:00

CPI deve pedir para Kroll rastrear negócios do grupo Schahin no exterior

Daiene Cardoso/Agência Estado
A CPI da Petrobras deve pedir para que a Kroll, consultoria especializada em auditoria empresarial, rastreie os negócios do Grupo Schahin no exterior. Irritados com um habeas corpus preventivo conseguido pela família Schahin no Supremo Tribunal Federal (STF), os deputados não dispensaram os depoentes e fizeram questão de passar a tarde pressionando os empresários a falar, mesmo sabendo que não arrancariam nenhuma informação.

Os parlamentares questionaram as mais de 200 empresas do conglomerado no Brasil e as outras 100 empresas no exterior. Segundo os deputados, a família tem mais de US$ 500 milhões em contas declaradas no exterior, embora no Brasil tenha pedido recuperação judicial para 28 delas. Eles lembraram que o grupo foi mencionado pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco. Não está descartada a possibilidade de acareação na CPI entre Pedro Barusco e Milton Toufic Schahin.

"Diante dos fatos, poderemos pedir para que a Kroll possa ajudar na investigação desses dados levantados", afirmou o presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB). "A investigação da Kroll vai chegar a conclusões, não há a menor dúvida quanto a isso", comentou o vice-presidente da CPI, Antonio Imbassahy (PSDB-BA).

Os membros da CPI classificaram como "acinte" a busca de uma liminar garantindo o direito a Carlos Eduardo Schahin, Salin Toufic Schahin, Rubens Toufic Schahin, Pedro Henrique Schahin e Milton Toufic Schahin de não falar à CPI. Os empresários seriam ouvidos na condição de testemunhas e não de investigados. "Na cadeia vossa senhoria ficará em silêncio", disse o deputado André Moura (PSC-SE) ao último depoente, Milton Toufic Schahin.

Motta explicou que os investigados, com exceção dos que fizeram delação premiada, são liberados quando comunicam que ficarão em silêncio por se tratar de uma estratégia de suas defesas. "Eles (Schahin) vieram na condição de testemunha. A testemunha vem sem estar com nenhuma imputação contra ela, só com o dever de colaborar e dizer a verdade. Mas eles vieram amparados por um habeas corpus do STF e usaram o direito de não colaborar como testemunha porque, sem habeas corpus, eles teriam sim a obrigação de colaborar. Então o tratamento foi diferenciado", comentou.

Milton Schahin só se pronunciou de forma diferente para confirmar seu nome e adotou a mesma postura dos demais depoentes: repetiu que permaneceria em silêncio por orientação de seus advogados. O empresário só ficou em dúvida se deveria responder quando foi questionado pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP) se já havia prestado depoimento na Câmara dos Deputados.

O parlamentar explicou que em legislaturas anteriores o empresário havia sido convocado para depor na Comissão de Seguridade Social e Família sobre o desmoronamento da barragem da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Apertadinho, em Rondônia. O requerimento, aprovado numa comissão que não costuma investigar esse tipo de situação, teria sido apresentado pela então deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), apontada como responsável pela apresentação de requerimentos de autoria do hoje presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Youssef acusa o peemedebista de usar requerimentos para pressionar as empresas a pagar propina. "Pelo menos por ora, ficarei calado", respondeu Milton após uma rápida conversa reservada com os advogados.

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