06/10/2015 21:18:00

Israelenses e palestinos minimizam desconfiança sobre uma terceira intifada

Reuters

JERUSALÉM (Reuters) - As entradas para a antiga cidade murada de Jerusalém foram lacradas por policiais israelenses e as ruas da parte oriental da cidade ficaram cheias de barricadas, lixo queimado e detritos remanescentes de confrontos entre palestinos munidos de pedras e forças de Israel.

O cenário, resultante de 10 dias de violência em que quatro israelenses e três palestinos foram mortos e 170 pessoas ficaram feridas, remete aos dois levantes palestinos, ou intifadas, contra a ocupação israelense, ocorridos no final dos anos 1980 e no início dos anos 2000.

Representantes de ambos os lados minimizam as comparações, e a violência se dá hoje numa escala muito menor do que em tais levantes, mas o jornal israelense Yedioth Ahronoth enxergou similaridades o bastante para declarar, no domingo, que uma terceira intifada havia começado.

Uma nova intifada complicaria ainda mais os esforços de líderes mundiais para resolver conflitos em países como Síria, Iraque e Iêmen. Também, há pouca disposição para o reengajamento num processo de paz entre Israel e os palestinos, depois de muitos fracassos no passado.

Como no passado, acontecimentos em torno do complexo da mesquita Al Aqsa, em Jerusalém, um local sagrado tanto para muçulmanos como para judeus, ajudaram a dar partida na violência, estimulada por uma mistura volátil de religião e política.

Em 2000, uma visita do então líder da oposição em Israel, Ariel Sharon, ao local, reverenciado por judeus como Monte do Templo e por muçulmanos como Nobre Santuário, foi considerada pelos palestinos como uma provocação deliberada, levando a uma revolta que durou cinco anos.

A atual violência ocorreu em seguida a dias de confronto entre palestinos, que lançavam pedras, e a polícia israelense no complexo da mesquita de Al Aqsa.

Israel reagiu elevando sua presença militar e policial por toda Jerusalém Oriental e ocupando a Cisjordânia para se antecipar a uma escalada ainda maior da violência, enquanto líderes palestinos buscaram acalmar os ânimos, temendo que grupos militantes possam ver o momento como uma oportunidade de entrar em confronto.

?Estamos operando em todas as frentes?, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na segunda-feira à noite, acrescentando que quatro batalhões extras foram mobilizados na Cisjordânia.

?A polícia está entrando profundamente nos bairros árabes, o que não havia sido feito no passado. Vamos demolir as casas dos terroristas. Estamos permitindo que nossas forças ajam duramente contra aqueles que lançam pedras e bombas incendiárias?, acrescentou ele.

Netanyahu tem descrito a atual violência como uma ?onda de terror?, termo que sugere uma tensão passageira, e oficiais militares com experiência em levantes anteriores foram rápidos em negar insinuações de que uma terceira intifada teria começado.

?Isso é exagerado, ainda está longe de estar nesse ponto?, disse um oficial graduado das Forças de Defesa de Israel, explicando que dezenas de pessoas foram mortas em poucos dias durante a segunda intifada. ?Agora é uma situação totalmente diferente.?

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