05/12/2016 13:59:00 - Atualizado em 05/12/2016 14:05:00

Derrota de Renzi em referendo pode gerar nova crise na União Europeia

Agência Brasil

Após a vitória do "não" nesse domingo (4) no referendo sobre a proposta de reforma constitucional na Itália  - que, entre outras coisas, pretendia extinguir o bicameralismo, retirando poderes do Senado - e o posterior anúncio da renúncia do primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, a União Europeia (UE) poderá enfrentar uma nova e grande crise. As informações são da Agência Ansa.

Para o professor de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), Kai Lehmann, o futuro da Itália - e por consequência da UE - dependerá dos próximos passos dado pelo governo: se haverá um governo "tecnocrata" até 2018 ou se serão convocadas eleições gerais para 2017.  "Neste caso, teríamos um ambiente de muita incerteza, instabilidade e tensão. Isso porque, se a Itália convoca as eleições, teremos eleições importantes na Itália, na França e na Alemanha, os três maiores países do bloco. Isso traria muita tensão", disse Lehmann à ANSA nesta segunda-feira (5).

Nesse cenário de eleições, o maior beneficiado seria o partido Movimento Cinco Estrelas (M5S), maior força opositora ao governo de Renzi e líder da campanha pelo "não" no referendo. Para Lehmann, o M5S já anunciou que, se chegar ao governo, tentará fazer um plebiscito para que os italianos deixem a moeda única da UE, o euro.

"Se a Itália deixar o euro, isso causará grandes problemas para os europeus. Será um grande abalo  para a União Europeia", comentou o professor da USP. E sobre o líder do M5S, o ex-comediante Beppe Grillo, conhecido como populista e antissistema, ressaltou que a postura do mesmo deixa dúvidas de como seria seu futuro governo.

"O que me parece é que ele articula uma postura de ser contra. Um futuro governo é muito difícil de prever, porque ele é contra o sistema, contra o establishment. Mas, é a favor do quê? Uma coisa é derrubar e outra coisa é apresentar uma alternativa de governo sustentável. Então, se ele assumir o governo, vai ter que se posicionar", ressaltou Lehmann à ANSA.

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