31/03/2020 14:32:00 - Atualizado em 31/03/2020 15:08:00

Coronavírus faz brasileiros ficarem "presos" no Peru: "Sentimento de medo e insegurança"

Gabriel Siqueira Lopes - Redação/RedeTV!

Decreto do governo peruano fechou as fronteiras suspendendo o transporte internacional de passageiros 

(Foto: Arquivo Pessoal/Marta Campos)

A costa do noroeste peruano é conhecida pelas belas praias, infraestrutura hoteleira de ponta e cenários paradisíacos. Conjunto perfeito para Marta Campos e o marido curtirem quatro dias de descanso em meio à natureza com toques da região Andina. Perfeito seria se, um dia antes da volta a São Paulo, o governo do Peru não baixasse um decreto fechando as fronteiras por conta da pandemia de coronavírus. 

O que começou como uma viagem à turismo no dia 12 de março, se tornou uma verdadeira luta para o casal que ainda tenta a repatriação para o Brasil. Há 20 dias no país, eles buscam formas, junto à embaixada brasileira, de voltar para casa e reencontrar as filhas de 10 e 14 anos que deixaram com os sogros da professora de educação física. Marta conversou com o Portal da RedeTV! e relatou o drama longe de casa.

O governo peruano já reconheceu que 24 pessoas morreram no país com o novo coronavírus e 950 foram infectadas até essa segunda-feira (30).  “Para impedir a propagação do Covid-19, o governo decretou que a população deve manter o isolamento no domicílio”, disse em nota o Ministério da Saúde do Peru. 

O decreto nº 044-2020-PCM, que contempla o fechamento temporário das fronteiras suspendendo o transporte internacional de passageiros por terra, ar, mar e rio, entrou em vigor no dia 16 de março. Além disso, a partir desse mesmo dia o transporte interprovincial de passageiros também ficou proibido. 

Todas essas ações governamentais dificultaram a vida do casal que estava em uma região de difícil acesso. “Houve uma preocupação pois estávamos no norte do Peru. Então, conseguimos superar uma enorme burocracia para viajarmos até Lima”, contou Marta. Ela precisou recolher diversos documentos para obter uma autorização especial para percorrerem mais de 600 quilômetros. Foram 10 horas em uma van dividida em oito brasileiros que pagaram cada um US$ 130 pelo trajeto (cerca de R$ 670). 

Policiais fazem patrulha durante decreto presidencial - (Foto: Arquivo Pessoal/Marta Campos)

Já na capital, o grupo está hospedado em um hostel que cobra 75 sóles por dia, a moeda local, que equivale a cerca de R$ 110 pela diária. “A expectativa é ficar o fim de semana para fazermos a repatriação”, afirmou a professora na terça-feira (24) passada. A reportagem conversou com ela nesta terça-feira (31) e foi informada que eles continuam aguardando, mas que há esperança que um voo saia de Lima em direção ao Brasil nesta quarta-feira (1). 

A cada dia que passa, as medidas contra a pandemia têm se multiplicado no Peru. Na segunda-feira (30), o Presidente da República, Martín Vizcarra, anunciou que decidiu prolongar a imobilização social obrigatória, impedindo que as pessoas saiam nas ruas das 18h às 5h em todo o país a partir desta terça-feira (31).

A educadora física disse que são cerca de 88 brasileiros que estão em Lima aguardando o retorno e que, aparentemente, todos estão “bem e saudáveis, mas claro que o sentimento de insegurança e medo tem se manifestado muito”. Ela ainda completou dizendo que estão em “contato com a embaixada brasileira no Peru e eles têm feito o atendimento de forma satisfatória”. 

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