28/10/2020 13:44:00 - Atualizado em 28/10/2020 13:44:00

Charlie Hebdo faz capa com charge de Erdogan, que reage: "canalhas"

Redação/RedeTV! com Ansa

Caricatura do presidente estampa nova edição da publicação


Caricatura de Erdogan na capa do Charlie Hebdo - (Foto: Reprodução)

O Ministério Público de Ancara abriu uma investigação contra o periódico satírico francês Charlie Hebdo por conta da caricatura do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que estampa sua edição desta semana.

Com a manchete "Erdogan, em privado, é muito divertido", a charge retrata o mandatário de camiseta e cueca no sofá enquanto levanta o véu islâmico de uma mulher que carrega uma bandeja com duas taças de vinho. "Ouuuuh! O profeta!", diz o líder turco na caricatura.

Antes da abertura da investigação, a Presidência da Turquia havia dito que tomaria as "ações jurídicas e diplomáticas necessárias" contra o Charlie Hebdo, publicação que já foi alvo do terrorismo jihadista por conta de charges satirizando o profeta Maomé.

"Condenamos com grande firmeza a última edição da publicação francesa, que não tem respeito por qualquer credo", disse no Twitter o porta-voz de Erdogan. "O objetivo dessas publicações sem moral e decência é semear ódio e hostilidade", acrescentou.

Islã x França

Nos últimos dias, diversos países islâmicos, como Turquia, Irã, Paquistão e Bangladesh, protestaram contra o presidente da França, Emmanuel Macron, por seu discurso em defesa da publicação de charges e da liberdade de expressão.

O pronunciamento ocorreu em função do homicídio do professor francês Samuel Paty, morto por um jihadista após ter exibido as caricaturas de Maomé em sala de aula.

O Charlie Hebdo voltou ao centro das atenções no começo de setembro, com o início do julgamento de 14 réus acusados de envolvimento nos atentados contra sua redação e um mercado kosher em Paris, em janeiro de 2015.

Os ataques foram cometidos, respectivamente, pelos irmãos Said e Chérif Kouachi e por Amédy Coulibaly, deixando um total de 17 mortos, além dos três terroristas. Os réus são acusados de dar apoio logístico aos jihadistas.

Para marcar o início do julgamento, o Charlie Hebdo republicou as charges do profeta Maomé que o colocaram na mira do terrorismo, levantando novos protestos no mundo islâmico. 

Resposta de Erdogan

A reação foi imediata: Erdogan chamou o periódico de "canalha", e o governo turco disse que vai tomar "todas as medidas legais e diplomáticas necessárias".

As principais autoridades da Turquia também condenaram a caricatura, chamando-a de um "esforço nojento" para "espalhar racismo e ódio cultural". A mídia estatal informou que promotores turcos iniciaram uma investigação sobre os executivos do "Charlie Hebdo".

"Nossa batalha contra essas medidas rudes, mal-intencionadas e insultuosas continuará até o fim, com razão mas com determinação", afirmou o diretório de Comunicação do país. O porta-voz de Erdogan, Ibrahim Kalin, afirmou que a caricatura não pode ser considerada liberdade de expressão.

Veja também! 

>>> Bolsonaro diz que país "resgatou credibilidade internacional"

>>> Trump sofre derrota judicial em processo de estupro e difamação

>>> Jornalista é encontrado com pernas e braços quebrados após ser sequestrado

 

Assista aos vídeos e inscreva-se no canal da RedeTV! no YouTube

Recomendado para você

Comentários