28/09/2016 14:26:00 - Atualizado em 29/09/2016 09:40:00

Brasileiros negros que moram em Charlotte mostram preocupação com violência policial

Lyncon Pradella/Redação RedeTV!

Pedro A. Costa Júnior, à esquerda, e Edigleison Gabriel Messias, à direita (Foto: Arquivo Pessoal)

A questão racial voltou a ser assunto nos Estados Unidos após as mortes de Terrence Crutcher, de 40 anos, na sexta-feira (16), e de Keith Scott, de 43, na terça-feira (20). Negros, ambos foram abordados por policiais e acabaram sendo mortos a tiros. Nos dois casos, os oficiais alegaram que as vítimas não obedeceram às ordens de abaixarem as armas. Testemunhas, no entanto, afirmam que nenhum dos dois estavam armados.

Os dois casos provocaram revolta na comunidade negra, culminando em mais uma manifestação pela violência policial em Charlotte dias depois, na última quarta-feira (21). O clima local se agravou, levando o governador da Carolina do Norte, Pat McCory, a declarar estado de emergência no dia seguinte ao ato. "Declarei estado de emergência e iniciei esforços para enviar a Guarda Nacional e a Patrulha Rodoviária para ajudar na aplicação da lei em CLT (Charlotte)", tuitou McCrory.

Em meio a essa situação caótica vivem os brasileiros Edigleison Gabriel Messias, de 35 anos, e Pedro A. Costa Júnior, de 40. Ambos são negros e moradores da cidade, que conta com mais de 825 mil habitantes, sendo cerca de 35% negros.

Nascido em Goiânia, Edigleison se mudou há 11 anos para os Estados Unidos na tentativa de melhorar a vida de sua família, deixando um filho de 16 anos no Brasil. Com mais de uma década morando fora, ele mostrou apoio aos movimentos afro-americanos, como o "Black Lives Matter". "Eu acho necessárias as manifestações porque, aqui, a televisão não mostra muito o abuso dos policiais contra os negros, especialmente em Charlotte, e isso acontece todos os dias", disse ele em conversa com o portal da RedeTV!. "Se não tiver o movimento Black [Lives Matter], o preconceito contra os negros sempre irá existir", acrescentou o goiano, que sente preocupação com a violência policial.

Pedro com uma de suas filhas (Foto: Arquivo Pessoal)

O mesmo é dito por Pedro. Carioca e vivendo nos Estados Unidos há apenas um ano e meio, ele disse nunca ter sentido medo de ser abordado por oficiais, mas que, agora, está mais preocupado caso isso aconteça. "Eu não tinha medo antes, mas depois desses acontecimentos, vou começar a ficar mais receoso", declarou também ao portal da RedeTV!.

Pedro, que é casado e tem dois filhos, também afirmou acreditar que a polícia estadunidense precisa melhorar sua abordagem. "A maneira que eles [policiais] chegam, para quem não está acostumado, que veio do Brasil há pouco tempo como eu, até se assusta. Às vezes uma bobagenzinha, que nem a gente vê no Brasil, eles aparecem como se estivessem prontos para uma invasão".

Trabalhando na área da construção, mais especificamente na instalação de madeiras, ambos os brasileiros depositam suas esperanças de mudança em uma possível vitória de Hillary Clinton, candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos.

O goiano foi além. Por morar a mais tempo no país, revelou uma mágoa com o governo de Barack Obama em relação aos casos de violência contra os negros. "Por ele ser um presidente negro, esperávamos mais nesse quesito. Queríamos que ele falasse alguma coisa a favor de nós, dos negros aqui nos Estados Unidos", concluiu.

Apesar da situação preocupante, os dois afirmam que nunca foram vítimas de racismo enquanto moradores de uma das cidades americanas com maior apelo dos movimentos negros.

O RedeTV News mostrou as imagens do momento da morte de Keith Scott. Confira:

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