Com tensão e manifestação, COP 22 reflete incertezas após vitória de Donald Trump

Eleição de Trump é assunto ca COP22 no Marrocos (Foto: Reuters)

Após a vitória eleitoral do candidato republicano Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, muito vem sendo especulado sobre as ações do futuro governante americano, principalmente no que diz respeito ao meio ambiente. Conhecido por declarações polêmicas, Trump prometeu durante a campanha eleitoral reinstaurar a utilização de combustíveis fósseis como o carvão e acabar com subsídios para energias limpas no país, causando calafrios em ambientalistas. A vitória de Trump se deu justamente em meio à maior conferência da ONU para discutir questões climáticas, a COP22, que acontece desde a última segunda-feira (7) em Marrakech, no Marrocos.

Apesar do clima de tensão que paira toda a conferência, Pedro Telles, coordenador de Mudanças Climáticas do Greenpeace, afirmou ao portal da RedeTV! que é importante levar em conta também o contexto internacional que vem se mostrando engajado com as questões ambientais. "A eleição de Trump sem dúvidas é uma má notícia para a ação climática. Diversas vezes ele se posicionou indicando que não irá agir da forma intensiva necessária e com clareza, ou seja, é um desafio que teremos no caminho. O ponto que devemos ter em mente também é que esse não é um jogo no qual apenas os Estados Unidos dá as cartas sozinho. A questão climática subiu bastante de nível recentemente, especialmente ano passado com o Acordo de Paris".

Além dos acordos previamente firmados durante a COP21 em Paris em 2015 e ratificados este ano por Barack Obama, Trump está proibido de abandonar o tratado pelos próximos quatro anos. "Politicamente falando, existe um acordo assinado por mais de 190 países e ratificado por mais de 100 em que eles já se comprometeram. Não entregar as promessas que foram feitas tem um alto custo internacional. Ao mesmo tempo se tem na economia pois existe um mercado de renováveis que está crescendo muito, liderado por países como China, Índia e o próprio Estados Unidos", completou Telles. Apesar do contrato que estipula os quatro anos como base mínima para um possível abandono do compromisso, Donald Trump não está, de fato, proibido de ignorá-lo. Embora esse seja um fator preocupante, o coordenador de Mudanças Climáticas do Greenpeace acredita que esta não seja uma medida diplomaticamente inteligente.

"Eu acho muito difícil ser interessante economicamente para eles ficar de fora dessa transição energética que já está acontecendo no mundo. Isso tudo aponta para uma realidade na qual é muito grave a questão do Trump, mas o mundo está se mexendo rumo a enfrentar as mudanças climáticas e o mundo seguirá se mexendo", concluiu Telles . 

Manifestação na COP 22

Um protesto de jovens marcou está quarta-feira (9), terceiro dia da Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente. Com participação de estudantes e membros de ONGs de diversos países, os manifestantes pediram maior responsabilidade governamental e intensas cobranças sobre as diretrizes ambientais. Dentre a lista de requisições estavam medidas buscando maior justiça climática, fim do militarismo e fim do desmatamento até 2050.

(Foto: Bruna Baddini/RedeTV!)

Participantes do Brasil também estiveram presentes e se mostraram preocupados com a vitória do americano Donald Trump, como explicou Raquel Rosemberg, coordenadora geral da ONG Engajamundo. "Nós temos muito medo. Toda a confiança e expectativa que temos com a ONU para que os acordos aconteçam podem não acontecer mais. Temo que os países deixem de implementar o Acordo de Paris por acreditar que os Estados Unidos não irá cumprir com as metas. As eleições estadunidenses não afetam apenas eles, mas o mundo inteiro de uma perspectiva climática. Mais do que nunca nós temos que nos ver como poder e não achar que o poder está tomado por essas pessoas que não nos representam".

(Foto: Bruna Baddini/RedeTV!)