15/11/2016 07:16:00

Brasileiros pedem apoio a países emergentes para conter desmatamento

Agência Senado

A delegação brasileira que participa da COP 22, em Marrakech, no Marrocos, defendeu maior apoio financeiro aos países emergentes para reduzir o desmatamento e a proteger as florestas. O objetivo é deter a emissão de gases de efeito estufa.

A participação brasileira na 22ª Conferência Quadro das Partes sobre Mudanças Climáticas, que começou na segunda-feira (7), conta com senadores, deputados, ministros e representantes do Itamaraty. Eles acompanham a discussão de temas como energias renováveis, biocombustíveis, educação ambiental nas escolas e pagamentos por preservação ambiental. A COP 22 vai até a próxima sexta (18).

O relator da Comissão Mista de Mudanças Climáticas, senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), destacou a liderança brasileira e defendeu, com os demais senadores, o debate em torno das regras do chamado Redd+. Trata-se da sigla para "Redução de emissões decorrentes do desmatamento e da degradação de florestas" e é o mecanismo de pagamento a países por resultados de conservação da vegetação nativa.

Carvão

Para a delegação que representa o Senado — que inclui, além de Fernando Bezerra, Jorge Viana (PT-AC), Lídice da Mata (PSB-BA) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) —, o Brasil só tem a ganhar com essa negociação. Por isso, eles subscreveram a carta elaborada pela Fundação Amazônia Sustentável em parceria com a Coalizão Brasil Clima e Florestas. O texto pede a retomada da discussão,  explicou Fernando Bezerra.

"É preciso começar imediatamente a enfrentar discussões que hoje estão colocadas no Brasil. Nós vamos ou não vamos trabalhar com as usinas de carvão, vamos ou não vamos usar o carvão mineral que está localizado em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul? Isso é uma decisão que implica mudanças profundas na infraestrutura e na indústria brasileira. É importante, então, saber que as contribuições que o Brasil pactuou em Paris têm desdobramentos importantes na sua matriz energética, mas também na sua economia", afirmou.

Amazônia

O senador Jorge Viana (PT-AC) avalia ser importante fortalecer o debate em torno do Redd+ como uma forma de financiamento para a diminuição da emissão de gases de efeito estufa. Ele afirmou que a redução de quase 80% do desmatamento dá ao Brasil mais credibilidade nas discussões sobre a questão climática. Lembra, porém, que a derrubada de florestas ainda está relacionada à atividade econômica e social para uma boa parcela da população, especialmente na Amazônia.

"As florestas não podem ficar só no aspecto de redução do desmatamento, elas têm que ser vistas como ativo econômico em todos seus aspectos. E é isso que essa nova discussão pode abrir", disse.

O ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, concordou que são necessárias alternativas econômicas para garantir o "equilíbrio ambiental", mas afirmou que o governo brasileiro não anunciará sua posição sobre o tema antes de concluídas as discussões. Sarney Filho garantiu, no entanto, a retomada dos debates.

"O Redd+ é muito bem-vindo como uma das opções que nós temos para manter a floresta em pé, para manter os ecossistemas ao mesmo tempo que melhorem as condições de vida das pessoas que moram naquela região", disse Sarney Filho.

A COP 22 segue até a próxima sexta-feira em Marrakech. Além de Jorge Viana e Fernando Bezerra, participam das discussões as senadoras Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) e Lídice da Mata (PSB-BA).

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