08/11/2016 13:07:00 - Atualizado em 08/11/2016 16:12:00

Após Acordo de Paris, COP22 busca cooperação mútua de governo e sociedade

Bruna Baddini, de Marrakesh para o portal da RedeTV!


O presidente da COP22 e ministro do Exterior do Marrocos, Salaheddine Mezour, na abertura do encontro (Foto: ONU/Divulgação)

Em meio a grande otimismo, começou nesta segunda-feira (7) em Marrakesh, no Marrocos, a 22º Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP22.  O evento, embora com grandes desafios a serem resolvidos, é marcado pelo momento de positividade trazido com a inédita entrada em vigor do Acordo de Paris, com menos de um ano de sua criação. O tratado, desenvolvido durante a COP 21, em dezembro de 2015 na França, começou a valer na última sexta-feira (4), apenas três dias antes do início do evento que irá discutir sua colocação prática.

Com 192 países signatários e mais de 100 que já ratificaram até o momento o tratado, a COP22 chega com a perspectiva de resolver embates e colocar em atividade práticas para reduzir os impactos ambientais e as mudanças climáticas. Durante o evento, que ocorrerá até o dia 17, as nações irão debater, entre outros objetivos, como seguir com as próprias responsabilidades nacionais e contribuições para tornar possível estabilizar o aumento da temperatura global em até 2 graus e se possível, ambiciosamente, até 1,5 graus, como previsto no Acordo de Paris.

Segundo Adriano Santiago, diretor da Secretaria de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, as contribuições de cada país são um indicativo da conscientização não apenas governamental, mas também de outras esferas da sociedade com as condições climáticas e refletem um avanço positivo. “O instrumento de ação dos países são as contribuições nacionalmente determinadas, isso quer dizer que é um esforço do país e não apenas de seu governo, então nós contamos com a sociedade em seu aspecto de organizações não governamentais, setor privado e academia, para juntos fazermos os esforços possíveis para implementar o Acordo de Paris nacionalmente”, explicou Santiago ao portal da RedeTV!. 

Contudo, as medidas particulares de cada nação são apenas uma das grandes questões a serem discutidas durante as duas semanas de evento. Outro desafio a ser enfrentado é a regulamentação dos mecanismos de financiamento que irão ajudar países em desenvolvimento e contenção dos prejuízos financeiros de Estados vulneráveis, além um instrumento capaz de avaliar os esforços de cada país em cumprir as metas estipuladas. 

 "Nós temos as melhores expectativas possíveis, tendo em conta que a COP 22 é a primeira depois da entrada em vigor do Acordo de Paris, com o sucesso da conferencia do ano passado e agora é a hora de trabalhar para complementar o acordo. Claro que isso leva um tempo de negociação para tratar de toda regulamentação, mas nós temos todo o interesse de fazer uma regulamentação robusta do Acordo e de que isso rebata positivamente nas iniciativas que o Brasil possa fazer em termos de medidas de mitigação e adaptação", contou Santiago.

No que diz respeito a participação brasileira, o diretor avalia o momento como uma oportunidade ímpar para colocar em prática diligências afim de aproximar da realidade nacional de um ambiente mais sustentável e ecologicamente responsável.  "O Acordo de Paris traz uma oportunidade única e muito importante e relevante para nós conseguirmos reorientar o desenvolvimento sustentável nacional. Existe toda a questão e se adaptar a um efeito de mudança clima que já existe, mas também existe uma oportunidade grande de aproveitarmos esse momento para reorientarmos nosso desenvolvimento em termos de transformação tecnológica e utilização de recursos renováveis, eficiência energética e iniciativas na agricultura. Tem um caminho de aproveitarmos esse espaço internacional de regulamentação para trazermos benefícios positivos na implementação principalmente da contribuição nacionalmente determinada do Brasil", comentou. 

"Ter uma consciência grande da mudança do clima e não apenas enxerga-lo como algo catastrófico, de mostrar que há um caminho positivo para perseguir, há soluções para isso. A solução não depende somente do Brasil, depende de um conjunto de ações do mundo inteiro. Entender que embora seja um problema global, mas que cada um tem a sua oportunidade de auxiliar nessa luta", finalizou Adriano Santiago. 

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