10/08/2021 09:58:00

Mais de 24 mil crianças no Brasil são superdotadas, mostra censo

Agência Brasil

Vocabulário, criatividade e raciocínio avançado são características

(Foto: Agência Brasil)

Muito prazer na leitura, nos estudos e notas altas na escola. Pensamento rápido e apurado, vocabulário amplo, talento para resolver equações, criatividade extrema, raciocínio avançado, foco e atenção preciosos e alta sensibilidade. Essas são algumas das características das crianças superdotadas, que comemoram nesta terça (10) o Dia Internacional da Superdotação. Habilidades incluem aptidão para atividades intelectuais, artísticas ou esportivas que parecem ser inatas, uma vez que essas pessoas apresentam tais características sem que se possa explicar como aprenderam. 

No Brasil, de acordo com o Censo Escolar 2020, há 24.424 estudantes com perfil de altas habilidades/superdotação matriculados na educação especial, mas o número real pode ser ainda maior.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que 5% da população têm algum tipo de alta habilidade ou superdotação. Segundo o Ministério da Educação (MEC), se forem considerados os mais de 47 milhões de alunos da educação básica (Censo Escolar, Inep 2020) cerca de 2,3 milhões de estudantes devem compor esse grupo.

O índice de identificação desse segmento ainda é baixo no Brasil, ou seja, acredita-se que existem muitos mais estudantes com altas habilidades ou superdotação do que o número geralmente revelado no Censo Escolar.  “Esse é o principal desafio para a área na Educação Especial: identificar precocemente esses estudantes e oferecer atendimento adequado, com serviços e recursos especializados”, informou em nota o MEC.

O teste de quociente de inteligência (QI) não é o único meio para identificar uma criança superdotada, há diferentes métodos, mas algumas caracteristicas já podem apontar altas habilidades e/ou superdotada, explica o psicólogo Alexander Bez, profissional com especializações em saúde mental nas universidades de Miami e da Califórnia.

“As características das crianças superdotadas são bem diferenciadas. A habilidade em aprender rápido é sempre incontestável. Elas têm facilidade em desenvolver um vocabulário mais amplo, maior interesse no aprendizado, como também em assuntos gerais”.

O teste de QI é uma escala que ajuda a avaliar e comparar a habilidade de diferentes pessoas em algumas áreas do pensamento, como matemática básica, raciocínio ou lógica, por exemplo. Crianças acima de 140 QI são superdotados e crianças acima de 180 QI são consideradas gênio.

De acordo com o especialista, outras características podem indicar alto potencial em crianças: 

  • Capacidade inicial de ler, aprender e compreender as coisas rapidamente;
  • Pode ficar intensamente absorvido em tópicos de interesse, ao mesmo tempo em que fica alheio aos eventos ao redor;
  • Observação aguçada, curiosidade e tendência a fazer perguntas;
  • Desenvolvimento precoce de habilidades motoras (por exemplo, equilíbrio, coordenação e movimento);
  • Capacidade de pensar abstratamente, mostrando sinais de criatividade e inventividade;
  • Encontra alegria em descobrir novos interesses ou apreender novos conceitos;
  • Uso inicial de vocabulário avançado;
  • Retenção de variedade de informações;
  • Mostra independência, autossuficiência e responsabilidade na realização de tarefas;
  • Capacidade de visualizar situações de perspectivas variadas e explorar abordagens alternativas.

No país, a Associação Paulista para Altas Habilidades/Superdotação realiza essa triagem. Outro local que também trabalha nessa identificação é a social edtech CogniSigns, com atuação alinhada aos determinantes sociais da saúde.

O Conselho Brasileiro para a Superdotação (ConBraSD) considera que testes psicométricos, como a aplicação do WISC IV para a aferição do QI, inventários de características, observação do comportamento, entrevistas com a família e professores, assim como alguns testes informais para estabelecimento de vínculo entre avaliador e avaliado, são alguns exemplos de procedimentos que podem ser adotados.

O governo federal lançou em 2020 a nova Política Nacional de Educação Especial para ampliar o atendimento educacional especializado a mais de 1,3 milhão de educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. 

Por meio da PNEE, os sistemas de ensino estaduais e municipais poderão receber apoio para instalar salas de recursos multifuncionais ou específicas, dar cursos de formação inicial ou continuada de professores, melhorar a acessibilidade arquitetônica e pedagógica nas escolas, e ainda criar ou aprimorar centros de Serviço de Atendimento Educacional Especializado. A adesão de estados e municípios é voluntária.

O Decreto nº 7.611/2011  estabelece que os sistemas de ensino que tenham estudantes com altas habilidades ou superdotação, matriculados em classes comuns e em salas de recursos, onde participam do atendimento educacional especializado no contraturno, já recebem duplamente o valor relativo ao financiamento da educação, por meio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). 

Outro programa fundamental é a Formação Continuada de Professores e Profissionais de Educação na área da educação especial. O MEC constantemente desenvolve cursos, em parceria com instituições federais de ensino, envolvendo as diversas áreas, inclusive as altas habilidades ou superdotação visando à formação continuada de docentes da educação básica. O MEC também apoia técnica e financeiramente estados, o Distrito Federal (DF) e municípios para a oferta de cursos de formação continuada de professores, por iniciativa dos entes federados, no âmbito do Plano de Ações Articuladas, em busca das metas pactuadas no Plano Nacional de Educação.

Há também o Programa Sala de Recursos Multifuncionais, cujo principal objetivo é a aquisição de materiais didáticos e pedagógicos, equipamentos de tecnologia para as salas de recursos (atualmente são mais de 31 mil salas), para atender às especificidades pedagógicas dos estudantes da Educação Especial, matriculados nas escolas públicas das redes estaduais, do DF e municipais. No ano de 2020 foram destinados R$ 254 milhões para compor novas salas de recursos ou equipar as existentes.

Também o Programa Escola Acessível, implementado no âmbito do Programa Dinheiro Direto na Escola, busca promover condições de acessibilidade não apenas ao ambiente físico, mas, aos recursos didáticos e pedagogicos e à comunicação e informação nas escolas públicas de ensino regular. Em 2021, o aporte previsto é de R$100 milhões, que serão empenhados para beneficiar cerca de 4.500 escolas.

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