30/06/2015 19:52:00 - Atualizado em 30/06/2015 21:28:00

Grécia não paga dívida ao FMI e entra oficialmente em calote

Reuters

A Grécia pediu ajuda financeira de última hora aos seus credores internacionais nesta terça-feira, mas não foi o suficiente para evitar que o país se tornasse a primeira economia desenvolvida a dar um calote na dívida do Fundo Monetário Internacional (FMI). 

O governo de esquerda grego pediu aos seus parceiros europeus um pacote de ajuda de dois anos para cobrir suas necessidades financeiras. 

Mais tarde nesta terça-feira, o ministro da Finanças, Yanis Varoufakis, indicou durante telefonema a autoridades europeias que Atenas poderia cancelar um polêmico referendo de 5 de julho se um acordo fosse alcançado, de acordo com fontes da zona do euro. 

O esforço diplomático foi uma tentativa de trazer os credores de volta à mesa, depois que cinco meses de negociações inconclusivas levaram a Grécia perto de deixar a moeda única europeia. 

As propostas foram feitas enquanto milhares de pessoas protestavam na praça central de Atenas ao longo das últimas 24 horas com duas posturas diferentes: uma para apoiar o governo e outra para pedir que a Grécia permaneça na zona do euro. 

A Grécia, como era esperado, não tinha condições de pagar o empréstimo de 1,6 bilhão de euros ao FMI, no que foi o maior calote da história da entidade credora internacional. 

O FMI afirmou na noite desta terça-feira que irá examinar um pedido do governo grego para estender o pagamento por dois anos. 

As últimas propostas gregas foram feitas tarde demais para evitar o vencimento do atual pacote de ajuda da Grécia, com fundos congelados que o país tanto precisa para pagar salários, pensões e dívida. 

Ainda assim, num sinal de que as autoridades europeias não desistiram de encontrar uma solução, os ministros das Finanças afirmaram que irão discutir na quarta-feira o último pedido de empréstimo do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, efetivamente voltando à mesa de negociações. 

Fontes disseram que as autoridades devem discutir na quarta-feira o pedido de Tsipras de um novo empréstimo de dois anos para pagar as dívidas que somam quase 30 bilhões de euros. Tsipras também busca a reestruturação da dívida, um tema que os credores vêm evitando. 

Não ficou claro o que a reunião de quarta-feira poderia alcançar. 

A confiança entre Atenas e seus parceiros europeus está em frangalhos depois de conversas ásperas. O relacionamento piorou ainda mais depois que a Grécia anunciou no sábado que fará um referendo, em 5 de julho, sobre as propostas dos credores, que preveem reformas em troca de ajuda financeira. 

A chanceler alemã, Angela Merkel, descartou novas negociações até depois do referendo de domingo. Uma autoridade grega disse que até a noite desta terça-feira não havia mudanças em relação à realização da consulta popular. 

A Grécia recebeu cerca de 240 bilhões de euros em dois programas de resgate do FMI e da União Europeia desde 2010. O recurso permitiu que o país enfrentasse a crise, mas a um custo elevado para a população, que engoliu muitas medidas de austeridade, como cortes nas pensões, salários e serviços públicos. 

Com o calote ao FMI, a Grécia está a caminho de deixar a zona do euro, com consequências imprevisíveis para o grande projeto de moeda única da UE e a economia global. 

"O que aconteceria se a Grécia saísse do euro? Haveria uma mensagem negativa de que a adesão ao euro é reversível", disse o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, que há uma semana declarou que não tinha medo de um eventual contágio da crise grega. 

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