28/07/2015 12:12:00 - Atualizado em 28/07/2015 12:15:00

Dólar opera em alta pelo 5º dia e chega perto de R$ 3,40

Bruno Federowski/Reuters

O dólar ampliou a alta a mais de 1 por cento nesta terça-feira, acima de 3,40 reais pela primeira vez em mais de doze anos, em meio a preocupações com a situação fiscal brasileira e à expectativa de alta dos juros norte-americanos. 

Às 12:05, o dólar avançava 1,17 por cento, a 3,4032 reais na venda. Na máxima da sessão, a moeda norte-americana atingiu 3,4058 reais, maior nível intradia desde 27 de março de 2003, quando foi a 3,4230 reais. Nas últimas quatro sessões, o dólar acumulou valorização de 6 por cento. 

"Todos os motivos que têm pressionado o dólar nos últimos dias continuam valendo. Não dá para saber onde a moeda vai parar", disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho. 

Investidores têm demonstrado preocupação com a possibilidade de o Brasil perder seu grau de investimento, após cortes nas metas fiscais do governo deste e dos próximos anos surpreenderem e decepcionarem os mercados financeiros. 

O cenário político conturbado também pesa neste momento, em que o governo depende muito do Congresso --em pé de guerra com o Executivo-- para aprovar as medidas de ajustes fiscais. Nesta manhã, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, voltou a afirmar que fará todos os esforços junto ao Legislativo "para garantir a previsibilidade fiscal". 

Outro fator importante para os próximos passos do dólar é a reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, que termina na quarta-feira. Sinalizações de que o Fed caminha para elevar os juros ainda neste ano podem servir de gatilho para a moeda norte-americana dar mais um salto, afirmaram operadores, uma vez que pode atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados no Brasil. 

"A verdade é que o dólar não tem motivo para cair. Qualquer queda vai ser um alívio temporário", disse a operadora de um banco nacional. 

O atual momento do mercado de câmbio também fez investidores redobrarem a atenção sobre a intervenção do Banco Central, já que a valorização da moeda norte-americana tende a pressionar a inflação ao encarecer importados. O sinal mais imediato será o anúncio da rolagem dos swaps cambiais que vencem em setembro, equivalentes a venda futura de dólares. 

Nos últimos meses, o BC tem feito rolagens parciais e caminha para repor cerca de 60 por cento do lote de agosto, equivalente a 10,675 bilhões de dólares. Operadores têm afirmado que, se mantiver essa proporção para o lote de setembro, o BC sinalizaria que está confortável com o avanço da moeda norte-americana. 

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total no leilão de rolagem de swaps cambiais. Com isso, já rolou o equivalente a 5,684 bilhões de dólares, ou cerca de 53 por cento do lote que vence no início de agosto, que corresponde a 10,675 bilhões de dólares. 

Pela manhã, o dólar chegou a recuar 0,6 por cento sobre o real, em um movimento de ajuste após as altas recentes e em linha com os mercados externos, onde o dólar se desvalorizava em relação às principais moedas emergentes. No entanto, operadores já esperavam que a moeda dos EUA retomasse a trajetória de alta. 

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