07/05/2021 14:50:00 - Atualizado em 07/05/2021 14:50:00

Pessoas que já tiveram dengue têm duas vezes mais chance de desenvolver a forma sintomática da Covid-19

Redação/RedeTV!

O trabalho foi coordenado pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Marcelo Urbano Ferreira e contou com apoio da FAPESP

(Foto: Divulgação Agência FAFESP)

Estudo divulgado nesta quinta-feira (06) na revista Clinical Infectious Diseases sugere que as pessoas que já tiveram dengue no passado são duas vezes mais propensas a desenvolver sintomas da covid-19 caso sejam infectadas.

As conclusões descritas no artigo se baseiam na análise de amostras sanguíneas de 1.285 moradores da cidade de Mâncio Lima, no Acre. O trabalho foi coordenado pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Marcelo Urbano Ferreira e contou com apoio da FAPESP.

“Nossos resultados evidenciam que as populações mais expostas à dengue, talvez por fatores sociodemográficos, são justamente as que correm mais risco de adoecer caso sejam infectadas pelo SARS-CoV-2. Este é um exemplo do que tem sido chamado de sindemia [interação sinérgica entre duas doenças de modo que uma agrava os efeitos da outra]: por um lado, a COVID-19 tem atrapalhado os esforços de controle da dengue, por outro, esta arbovirose parece aumentar o risco para quem contrai o novo coronavírus”, disse Ferreira à Agência FAPESP.

Foram incluídas nas análises amostras de sangue coletadas em dois momentos: novembro de 2019 e novembro de 2020. O material foi submetido a testes capazes de detectar anticorpos contra os quatro sorotipos da dengue e também contra o coronavírus.

Os resultados mostraram que 37% da população avaliada já havia contraído dengue até novembro de 2019 e 35% haviam sido infectados pelo novo coronavírus até novembro de 2020. Também foram analisadas as informações clínicas (sintomas e desfecho) dos voluntários diagnosticados com a covid-19.

É possível que exista uma base biológica – os anticorpos contra o vírus da dengue estariam favorecendo de algum modo o agravamento da covid-19 – ou seja simplesmente uma questão sociodemográfica, relacionada com a existência de populações mais vulneráveis às duas doenças por características diversas.

“Os resultados evidenciam a importância de reforçar tanto as medidas de distanciamento social voltadas a conter a disseminação do SARS-CoV-2 como os esforços para controle do vetor da dengue, pois há duas epidemias ocorrendo ao mesmo tempo e afetando a mesma população vulnerável. Isso deveria ganhar mais atenção por parte do governo federal”, avalia Ferreira.

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