Cirurgia íntima devolve conforto às mulheres na hora do treino

Hiperplasia e acúmulo de gordura são alterações que causam constrangimento e dor na prática esportiva 

(Foto: Shutterstock)

A atividade física é essencial para manutenção da saúde, promoção do bem-estar físico, mental e geral, mas infelizmente, para algumas mulheres, a hora do treino não tem sido lá um momento muito agradável. É que muitas mulheres relatam sentir desconforto na academia em decorrência de alterações como a  hiperplasia dos pequenos lábios vaginais, que dificulta atividades como andar de bicicleta ou realizar determinado tipo de treino, e o acúmulo de gordura no púbis e grandes lábios, que causam constrangimentos com o uso das calças justas fitness. 

A boa notícia é que estas alterações podem ser corrigidas com pequenas cirurgias ambulatoriais. De acordo com a cirurgiã plástica Maiéve Corralo, diretora do Instituto Maiéve Corralo em Copacabana (RJ), a ninfoplastia é a cirurgia plástica que visa diminuir os pequenos lábios vaginais e o prepúcio do clitoris, mantendo a mulher afastada da academia por cerca de 15 dias. 

“O procedimento pode ser realizado em ambiente ambulatorial, sem internação, sob anestesia local (tópica + injetável). Podemos fazer a cirurgia clássica com uso de pontos absorvíveis ou com uso de laser de co2, sem pontos, com recuperação mais rápida, esta última é a minha preferência. O acúmulo de gordura no púbis e nos grandes lábios pode ser corrigido por uma minilipoaspiração também sob anestesia local, sem cortes, apenas 2 furinhos de cerca de 2mm. O retorno a atividade física pode ocorrer após 1 semana desde que a atleta mantenha drenagem linfática enquanto estiver inchado”, revela a cirurgiã membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

Ainda de acordo com Dra. Maiéve, uma queixa importante das mulheres com hipertrofia dos pequenos lábios, que passam horas na academia com roupas de lycra, é a candidíase de repetição.

“Esta combinação associada ao suor mantém a região úmida e sem ventilação, os antifúngicos costumam ajudar enquanto utilizados mas tão logo o tratamento seja suspenso a infeção tende a retornar”, alerta.

A paciente Rosana Sena, de 40anos, revela que sentia muito desconforto com alguns tipos de vestimentas como calcinha de renda, calças justas e jeans. “Beliscava ,era um desespero. Depois da cirurgia fico muito mais a vontade pra usar a roupa que quiser, para malhar, sem contar na estética”, declara.

“Sentia muita vergonha para usar roupas justas, principalmente de ginástica, pois a região ficava marcando, ouvia piadas na academia tipo olha a  “pata de camelo”, entre outros adjetivos no aumentativo”, revela outra paciente. 

Estes são relatos comuns para mulheres que sofrem com o acúmulo de gordura no púbis e grandes lábios. Uma empresária, que também prefere não se indentificar, conta que sofre com esse problema desde pequena, e só após os 40 anos, descobriu que seu problema já poderia ter sido resolvido.

“Andar de bicicleta, usar absorvente com roupas apertadas, e fazer alguns exercícios na academia sempre foi motivo de sofrimento pra mim, pois não é só uma questão de desconforto e estética, mas principalmente de segurança, porque machuca e causa dor. Não vejo a hora de fazer esse procedimento”, afirma.  

Causas

A médica cirurgiã explica que o uso de substâncias anabolizantes muito utilizadas entre mulheres que malham com regularidade é um importante causador da hipertrofia dos pequenos lábios vaginais, clitoris e prepúcio. Outra causa importante é a alteração hormonal gerada pela gravidez, no entanto muitas vezes a mulher tem um tendência genética e já apresenta esta desproporção desde a adolescência. 

Indicação

Mulheres a partir dos 18 anos. A indicação existe quando a estética genital incomoda a mulher ou quando os pequenos lábios hipertrofiamos passam a machucar na atividade física, ao contato com a calcinha ou durante o ato sexual.

Como é um procedimento de pequeno porte quase não existe contraindicação, exceto nos casos de doenças clínicas graves que contraindiquem procedimentos cirúrgicos.

Recuperação

Nos primeiros dois dias pós-operatórios a paciente sente queimação no local e por isto aconselha-se o uso de compressas geladas que além de melhorarem a ardência, diminuem o edema (inchaço) e diminuem o sangramento. Usualmente com 15-20 dias a ferida já está cicatrizada, mas o inchaço pode levar cerca 3-4 meses para regredir completamente.

O valor da cirurgia depende da avaliação da complexidade de cada procedimento e da necessidade de associações. Usualmente a cirurgia tem caráter estético e não costuma ter cobertura pelos planos de saúde.