01/04/2015 13:22:00 - Atualizado em 01/04/2015 15:55:00

Seca coloca 56 cidades do Nordeste em colapso, diz ministro

Rafael Moraes Moura e Lisandra Paraguassu/Agência
Mais de 50 municípios no Nordeste estão em colapso hídrico neste momento, podendo chegar a 105 se o regime de chuvas na região não melhorar. Há interrupção do abastecimento nessas localidades em pelo menos quatro dias na semana, mas existem aquelas em que o período sem água chega a 15 dias. O levamento foi feito pelo Ministério da Integração Nacional, com dados dos Estados.

O governo federal deve começar a oferecer apoio nas próximas semanas, por meio de carro-pipa. "Ainda não definimos como nem quando. Faremos dentro do que é possível. Na área rural, o abastecimento é feito pelo Exército, com controle eletrônico. Estados e municípios devem adotar todos os mesmos critérios ou continuaremos a fazer com o Exército. Na próxima semana trataremos das alternativas", afirmou o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi.

Occhi destacou que a solução para questão hídrica no Nordeste é a transposição do Rio São Francisco. "A partir do segundo semestre começamos a entregar quilômetros dessa obra, e a conclusão será até o fim de 2016", disse. Dados da Agência Nacional de Águas (ANA), porém, mostram que mesmo o Rio São Francisco está ainda longe de um nível satisfatório. Dos dois reservatórios do rio, o de Três Marias, na cabeceira, teve recuperação nesse período de chuvas no Nordeste, mas ainda opera em nível muito baixo. O de Sobradinho se mantém em situação crítica.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, informou que o planejamento da campanha sobre uso racional da água que está sendo preparada pelo governo deve ser retomada este mês, com a proximidade do fim do período de chuvas. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, uma divergência na formulação da campanha entre a Secretaria de Comunicação do governo - que pretendia creditar a seca que atinge boa parte do País ao aquecimento global - e o Ministério do Meio Ambiente, que pretendia deixar de fora uma questão que ainda não tem consenso científico, travou a campanha. Izabella afirmou que já marcou uma visita ao novo ministro da Secom, Edinho Silva, para tratar do tema. "Vamos discutir como vamos comunicar as informações nacional e regionalmente. Será uma campanha de informação. Vamos tentar influenciar o comportamento de cada brasileiro. Temos que poupar água", disse.



São Paulo

O diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, disse que, mesmo com o cenário favorável de chuvas nos meses de fevereiro e março, o quadro no Estado de São Paulo continua "grave".

"Mesmo tendo sinais de uma quantidade de água mais favorável chegando aos reservatórios, os quadros continuam críticos. Medidas que foram adotadas até aqui no controle, na redução das vazões dos reservatórios e dos rios, têm de ser mantidas", disse Andreu, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto para apresentar um balanço da crise hídrica no País. "Mesmo com cenário mais favorável, nenhuma medida adotada deve ser abrandada."

Ao falar especificamente do Sistema Cantareira, Andreu destacou que, apesar das chuvas registradas nos últimos dois meses, as vazões no Cantareira ainda não atingiram as médias do reservatório.

"O Cantareira tem hoje três índices de verificação da mesma quantidade de água, você adota referenciais diferentes. Se você considerar a água em relação ao volume útil do reservatório, hoje o reservatório está com -11% em relação ao volume útil, o que significa que você ainda está usando água abaixo do volume útil", observou o diretor-presidente da ANA. "O que choveu não foi suficiente pra recuperar o reservatório", reforçou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

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