26/07/2016 06:51:00 - Atualizado em 26/07/2016 07:05:00

Obra na barragem da Samarco que ruiu era de conhecimento do governo de MG, diz jornal

Redação/RedeTV! com agências

As obras consideradas responsáveis pela ruptura da barragem da Samarco na cidade de Mariana, no interior de Minas Gerais, eram de conhecimento do governo estadual. A informação é do jornal Folha de S. Paulo, que aponta vistoria do governo mineiro e o recebimento de informações a respeito da execução de mudanças no local.

Segundo a publicação, documentos comprovam que a Secretaria de Meio Ambiente realizou fiscalizações na obra entre 2013 e 2015. Membros da Secretaria também receberem dados e imagens das alterações feitas na barragem entre 2014 e 2015. O governo de Minas Gerais, em inquérito, se defende dizendo que não tinha conhecimento de qualquer alteração.

Ainda de acordo com o jornal, a Secretaria de Meio Ambiente do governo de Fernando Pimentel (PT) diz que não era função do responsável pelas vistorias entre 2013 e 2015 "verificar qualquer alteração" na geometria da barragem. Ocorrências de erosões e outros fatores, segundo a pasta, são "rotineiras" e a verificação é de responsabilidade da própria empresa que executa a obra.

Já os ex-governadores Antonio Anastasia (PSDB) e Alberto Pinto Coelho Jr. (PP)defendem, em nota, que as fiscalizações no período de 2013 a 2014 não mostram qualquer alteração na geometria do reservatório, apenas problemas de manutenção.

A tragédia

O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora em Mariana ocorreu em novembro do ano passado e é considerado o pior desastre ambiental da história do Brasil. O acidente liberou uma onda de lama, que deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e poluiu o rio Doce, percorrendo diversas cidades até chegar ao mar do Espírito Santo.

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento investigatório criminal para apurar eventual conduta ilícita do atual diretor-presidente da Samarco, Roberto Carvalho. O MPF afirma que a Samarco não cumpriu plenamente nenhuma das ações emergenciais de precaução ambiental exigidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Renováveis (Ibama).

O órgão federal destacou que a empresa não conteve ainda os 24,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos "que continuam espalhados pela área atingida e correspondem a 77 por cento do total que foi lançado da Barragem de Fundão em novembro".

O MPF afirmou que as estruturas de contenção de rejeitos construídas pela Samarco não serão suficientes e que 2,8 milhões de metros cúbicos de lama continuarão a ser carreados rio abaixo pelo menos até março do ano que vem.

Segundo o MPF, o Ibama entregou a Carvalho em junho uma Nota Técnica informando que, das 11 medidas de precaução sugeridas pelo órgão ambiental, quatro foram parcialmente adotadas e sete foram integralmente ignoradas pela empresa.

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