26/01/2018 11:25:00 - Atualizado em 31/01/2018 15:55:00

Foliões relatam perrengues de Carnaval: "Perdi R$ 30 mil em 9 minutos"

Maria Fernanda Rodrigues/RedeTV!

(Foto: Agência Brasil)

Foliões já esquentam os tamborins para ferver no Carnaval em 2018. É tempo de diversão, no meio da multidão dos blocos que cobrem as ruas das principais cidades do país, no entanto, é preciso ter prudência - ou sorte - para não marcar a época com uma lembrança ruim.

Durante o pré-Carnaval deste ano, Ricardo teve um prejuízo de 30 mil reais ao ter o cartão de crédito roubado, já Hugo ficou sem o celular. No ano passado, Victor foi sequestrado ao tomar uma bebida batizada e Carolina foi agredida fisicamente após ser assediada. Depois do susto, eles relataram suas experiências, explicaram quais providências tomaram ou modos de se prevenir. 

Golpe do cartão

O golpe do cartão já preocupa frequentadores dos blocos carnavalescos. Segundo relatos de vítimas nas redes sociais, ambulantes têm se aproveitado do movimento e distração para trocar o cartão da vítima por outro idêntico. Durante o trâmite, eles também dão um jeito de memorizar a senha e assim conseguem fazer compras. 

Foi o que aconteceu com o médico Ricardo Vasconcelos e com o analista de importação Douglas Parracho. Ambos participaram de festas pré-carnaval no início de janeiro e foram vítimas do golpe. 

"Em nove minutos eu tive um prejuízo de R$ 30 mil", contou Ricardo, que agora está tentando recuperar a quantia com o banco: "Eles alegaram que, como alguém usou o meu cartão com a minha senha, eles não podiam fazer nada", explicou. "A dica que eu dou é que as pessoas não usem o cartão 'no automático', sempre confiram seu nome antes de guardar no bolso".  

A Fundação Procon-SP indicou: "Em casos de saques indevidos realizados através da utilização de cartão de débito, o consumidor deve informar imediatamente ao banco e registrar boletim de ocorrência". De acordo com ele, a instituição financeira deve fazer a restituição dos valores sacados e ressarcir o consumidor. No entanto, caso seja comprovado que houve negligência ou imprudência, a o banco não é obrigado a fazer o ressarcimento.

Já no caso de Douglas, o prejuízo foi menor, R$ 1 mil, mas causou dor de cabeça semelhante. Mesmo pagando regularmente o seguro do cartão oferecido pelo banco, segundo ele, a empresa está relutando para ressarci-lo. "Eles disseram que o que aconteceu comigo qualifica estelionato, não foi roubo à mão armada e nem furto e o seguro não cobre esse tipo de crime", explicou. "Eu aconselho a todo mundo usar só dinheiro, assim não tem erro. Porque às vezes você bebe um pouco e acaba esquecendo de checar tudo", completou.

Furtos de celular

Outro crime comum no meio da multidão é o furto de celular. De acordo com os dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP), o mês de fevereiro de 2017 acumulou 18.323 casos registrados de furtos no geral. Foi a maior taxa do ano. 

O analista de sistemas Hugo Camargo e o publicitário Rafael Arrais endossaram a estatística: "Um amigo que estava comigo viu quem era o cara que pegou o celular do meu bolso, tentamos pegar de volta mas eles estavam em muitos e começaram a ameaçar a gente", contou Hugo. 

Já Rafael decidiu se programar para não sofrer possíveis furtos e usou uma doleira (espécie de pochete que se guarda dentro da roupa). "Eu comprei uma capa de chuva de plástico e joguei por cima do corpo. Ficou difícil ter que puxar a capa e a calça para mexer na doleira, aí coloquei por cima da calça. Pensei: 'impossível chegar na doleira com a capa de chuva por cima'". 

Mas, ao tentar usar um banheiro público, alguém avisou Rafael que sua carteira estava no chão. "Quando fui ver, tanto a capa de chuva quanto a doleira estavam rasgadas. Isso assim, sem eu perceber nada. Tinha acabado de chegar, não estava bêbado", explicou o rapaz.

"Quando vi, a doleira estava rasgada de fora a fora e a capa também" (Foto: Arquivo Pessoal)

Para o especialista em segurança pública e privada Jorge Lordello esse tipo de crime é um dos mais comuns nessa época do ano, mas pode ser evitado com algumas precauções. "Nas entrevistas que já fiz com criminosos, todos dizem a mesma coisa: 'Não desejamos o que não vemos'. Ou seja, esconda o seu aparelho", explica. 

Lordello aconselha que o uso do celular nessas situações de aglomeração seja consciente. "Não precisa mexer nele toda hora e, se precisar usar, vá para dentro de um estabelecimento".

Outra dica importante, de acordo com ele, é o planejamento. Antes de sair de casa saiba qual é o IMEI do seu celular - você pode descobrir discando *#06# no próprio aparelho e anotando em um lugar seguro. Assim, se for roubado, a vítima deve ligar na operadora e bloqueá-lo - esta ação impede os criminosos de acessarem qualquer informação que ficou gravada. 

"Com a ajuda de alguns sites, é possível rastrear o celular se ele estiver ligado", ensina Lordello. Se o sistema for iOS o endereço é support.apple.com, caso seja Android é google.com/android/devicemanager.  Em ambos é necessário que você já tenha um cadastro prévio e os aplicativos de busca baixados no celular. Para acessar, só precisa do número de telefone e do e-mail cadastrado.               

Bebidas batizadas

O crime conhecido como "boa noite cinderela" é tratado como lenda urbana, mas o publicitário Victor Nascimento passou por essa situação em dezembro do ano passado e, ao contrário do que se é comumente relatado em casos parecidos, ele afirma não ter deixado o copo sozinho ou aceitado bebidas abertas e de procedência duvidosa. 

Ele conta que se reuniu com alguns amigos em uma festa do centro de São Paulo para comemorar o recesso de fim de ano. "Comecei a reparar que tinha um cara que vinha conversar comigo quando eu ia lá fora. Não um flerte, só puxando assunto", contou sobre as últimas lembranças que tem da madrugada. "Depois eu já acordei dentro de um carro, ele estava me batendo para eu acordar e pedindo a senha do meu cartão".

Victor relata que foi obrigado a cheirar cocaína para despertar e depois foi abandonado em uma rua e socorrido pelo Samu. "Só de noite, quando eu saí do hospital e fui à delegacia, consegui conferir minha conta bancária. Foram mais ou menos R$ 5 mil reais em crédito e R$ 10 mil em débito, entrei com o pedido de ressarcimento, mas o banco só cobriu os valores do crédito". 

O publicitário diz que não teve suporte, por isso decidiu que não iria entrar com nenhum tipo de processo por conta do estresse que já havia sofrido. "Fiquei muito traumatizado com a forma como fui tratado tanto na delegacia, quanto no banco", completou. 

Assédio sexual

Embora assédios sexuais contra mulheres ocorram ao longo do ano todo e nas mais diversas situações, dados da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) mostraram um aumento de 90% nas denúncias de assédio durante os quatro dias do carnaval de 2017.

Ainda de acordo com a SPM, das 2.132 ligações recebidas pelo "Ligue 180" - Central de Atendimento à Mulher - 1.136 relataram violência física. Foi o caso da atriz Carolina Froes. 

A jovem relatou em sua conta do Facebook que estava em um tradicional bloco  de rua paulistano quando um homem a assediou. "Minhas amigas e eu estávamos indo embora junto com a multidão quando ele, vindo por trás, puxa e tira a parte de cima da minha roupa", contou. "Virei já reagindo, socando o homem que tinha o dobro do meu tamanho. Ele riu". 

Carolina contou que, enquanto pedia para que as pessoas em volta chamassem a polícia, o homem começou a agredi-la de forma violenta. "Ele me agarrou pelo pescoço e me enforcou enquanto eu tava chutar. Me levantou pelo pescoço e me jogou no chão", continuou, "Quando levantei, cinco pessoas me seguraram e ninguém segurou o agressor. Vi ele indo embora rindo", completou Carolina.

A atriz finalizou o relato com um apelo: "Se virem alguém sendo assediada, abusada e/ou agredida, ajude. Se você for assediada, abusada e/ou agredida, reaja e denuncie".

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